Educação: Professor Alfredo Teixeira desafia à partilha do que se está a fazer para operar «movimento de transmissão», no âmbito da escola católica

Docente da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa apresentou perspetivas emergentes que saíram do II Congresso Nacional da Escola Católica, em Fátima

Foto: João Cláudio Fernandes

Fátima, 12 out 2024 (Ecclesia) – O professor da Universidade Católica Portuguesa Alfredo Teixeira lançou, esta sexta-feira, o desafio de que, no âmbito da Escola Católica, “pudesse haver mais partilha do que se está a fazer” para operar “movimento de transmissão, de passagem”.

Na apresentação sobre perspetivas emergentes que saíram do II Congresso Nacional da Escola Católica, no Centro Pastoral de Paulo VI, em Fátima, o docente afirmou que nas últimas décadas, muitas instituições religiosas “organizaram processos de passagem, de transmissão, que agora incluem outros protagonistas”.

O docente alertou que esta “operação de substituição, de passagem, não deixa de levantar particulares dificuldades”.

“Por várias razões. Antes de mais porque, de alguma maneira, muitos desses novos atores podem pertencer ao mundo da tal ‘exculturação’ do cristianismo, ou seja, ao mundo em que a distância em relação ao reconhecimento do que é o lugar do cristianismo nas nossas sociedades, na nossa cultura, pode já sofrer até, no mínimo, de uma certa iliteracia”, referiu.

Lançando o desafio às escolas católicas, o investigador recordou que o processo de transmissão pode ser um “contexto criativo”.

“São estes momentos que, em muitos casos, implicam que um arquivo, que uma memória deixe ser algo morto e possa ser revitalizado. Nós dizemos de uma língua que já não se fala que é uma língua morta. E porque é que ela é morta? Porque ela já não consegue integrar as novas dimensões do vivido”, salientou.

Segundo Alfredo Teixeira, este momento das instituições pode ser, de novo, a oportunidade para continuar a recitar essa “língua viva” que é necessária para “os projetos educativos católicos”.

Na intervenção, o docente abordou a escola como um lugar habitável, ideia também partilhada pelo cardeal D. José Tolentino de Mendonça, na sessão de abertura do congresso.

“Nós, seres humanos, do modo bastante diferente de outras espécies, não transmitimos apenas um programa genético. Diria que, desse ponto de vista, até somos mais frágeis do que outras espécies. Mas nós, de facto, também não transmitimos apenas um stock de conhecimentos. Transmitimos linguagens, símbolos, ensinamos afetos, que é uma coisa que continua a baralhar a inteligência artificial de que aqui falámos”, realçou.

Nesse sentido, o docente acredita que a escola pode ser “construída como lugar de transmissão cultural”.

“De facto, a transmissão pode incluir factos de comunicação. No entanto, o inverso pode não verificar-se”, destaca, acrescentando que “a vida pode perpetuar-se por instinto”, mas “a cultura necessita de projeto”.

“A vida, de facto, implica processos de transmissão com competência estratégica. Logo, pacto. Fazer alianças, testemunhar, ordenar, tudo isso descreve o processo de transmissão. E, por isso, a transmissão mobiliza, de facto, uma dimensão política, a nossa experiência comum”, afirmou.

“Escola Católica – identidade e pacto num mundo global” foi o tema do II Congresso Nacional da Escola Católica, que se realizou esta quinta e sexta-feira, com 350 participantes, mais de 20 anos após a primeira edição.

LJ/OC

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