Educação para os valores

Professores de EMRC reuniram-se em formação Cerca de duas dezenas de professores da disciplina de Educação Moral e Religiosa Catolica (EMRC) da diocese de Bragança, reuniram-se no primeiro encontro de formação sob o tema: “Educação para os valores e cultura contemporânea”. O Auditório da Caixa de Crédito Agrícola de Bragança acolheu, no passado fim-de-semana, os docentes que iniciaram uma formação de 25 horas sob a orientação do Doutor João Duque, professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Braga. Nesta formação creditada, os docentes reflectem sobre a “ética”, a “Educação para os valores”, os “Modelos de educação de valores” e a “Escola do sujeito”. Desta forma, os professores de EMRC debatem e reflectem em três sessões várias questões acerca da escola na actualidade, os valores e a situação actual da disciplina. EMRC: uma disciplina importante O P. José Carlos Martins, secretário diocesano afirmou que a comunidade educativa precisa de estar sensibilizada para a importância da EMRC, ou seja, perceber e saber que é uma disciplina de oferta obrigatória embora de frequência facultativa. “Uma vez que estão inscritos os alunos, é a obrigação da Igreja contribuir para a educação integral. Nós não estamos por favor na escola pois é uma exigência dos alunos e dos pais”, referiu. Para o responsável da disciplina, há um défice de valores a nível afectivo, social, estético e ético. “Há um défice em todas as dimensões por isso assistimos à violência e corrupção. Por isso se nós podemos contribuir para formar homens e mulheres pela positiva, temos que o fazer, é uma obrigação moral”, frisou José Carlos Martins. No entanto, para que os docentes dêem o seu melhor têm que estar preparados. “As acções de formação visão formar gente para estar, nos dias de hoje, adaptada às exigências”, referiu o secretário diocesano. Por vezes cai-se no erro de pensar que EMRC é exclusivamente para católicos quando e uma disciplina que trata, essencialmente, dos valores. O secretário diocesano afirmou: ”Esta é uma abertura muito importante. Eu, por exemplo, tenho alunos que ainda nem estão baptizados. A disciplina é um complemento à educação integral. Os conteúdos não são catequéticos mas sim, essencialmente, da área humana ”, alertou. Muitas escolas não cumprem a lei Segundo José Carlos Martins, algumas escolas ainda não oferecem a disciplina contrapondo o que está na lei: “Já tenho encontrado encarregados de educação que dizem que desconheciam que a disciplina era de oferta obrigatória. Por isso, se não a apresentam não podem sequer escolhe-la ”, afirmou. Aliás, uma das situações que cria dificuldades à disciplina é o facto que, em alguns sítios, em detrimento de EMRC, os alunos encontram um «furo» no horário. Desta forma, muitos ocorrem ao facilitismo face a um incumprimento da maior parte das escolas. “Neste momento a lei vem ao encontro da aspiração do secretariado nacional que de não deixar os alunos num vazio, então a lei diz que os alunos ou escolhem EMRC ou outra confissão ou então são encaminhados para uma outra situação em que não estejam no corredor sem fazer nada. O que se passa é que muitas vezes isso não se verifica e desta forma os alunos preferem, obviamente, não ter nada. Mas isso é um incumprimento da lei.”, afirmou o responsável de Educação Moral de Bragança. EMRC em risco? Perante várias posições políticas do governo e das escolas bem como pelo espírito «anti-religioso» que se faz sentir por todo o país, é importante questionar se, de facto, EMRC tende para terminar. Face a esta pergunta, o P. José Carlos Martins afirmou: “Se fizermos um esforço de divulgar aos pais e encarregados de educação os conteúdos programáticos que até foram revistos há pouco tempo e estão disponíveis na internet, eu tenho consciência que isso não vai acontecer”. Para o responsável é importante fazer com que as pessoas percebam a importância da disciplina no contributo ao crescimento humano dos alunos. O P. José Carlos Martins, secretário diocesano de EMRC agradeceu, ainda, a disponibilidade da Caixa de Crédito Agrícola de Bragança na pessoa de Adriano Diegues pelo facto da disponibilização do auditório para a formação dos docentes. Este é um sinal de que ainda há instituições que estão dispostas a colaborar com a disciplina que muitos gostariam de ver extinta. Testemunhos Pe. José Carlos Martins (Secretário Diocesano de EMRC) “Há 15 anos, quando tomei conta do secretariado, tínhamos cerca de noventa por cento de padres a dar aulas e dos poucos leigos não tinham formação específica. Hoje temos precisamente ao contrário: noventa por cento de leigos, dez por cento de padres e dos leigos que temos, oitenta por cento têm formação específica, isto é, licenciatura em Teologia ou em Ciências Religiosas. ” João Duque (Formador) “Acho que há duas vias: uma pela educação e outra, mais, pela instrução. A educação tem um papel importante para EMRC e na educação cívica em geral. A criação da consciência nos adolescentes e nos jovens, o seu papel na sociedade, da relação com o conjunto de valores. Mas depois há uma área específica de instrução que tem a ver com o conhecimento da nossa memória cultural da qual faz parte o Cristianismo (e memória cultural não é só a história mas também aquilo que da história nos influencia nas nossas convicções). É importante que mesmo os não cristãos conheçam a sua memória e a sua tradição.” Andreia Raquel (Professora de EMRC – Freixo de Espada à Cinta) “Penso que este tipo de formações são importantes pela partilha das nossas opiniões, debater e reflectir sobre a ética e os valores bem como constactar outras opiniões diferentes das nossas”. Pe.Victor Silva (Professor de EMRC-Moncorvo) “Preocupa-me a ausência de conhecimentos cristãos por parte dos alunos. Vivem os valores mas não sabem rezar, desconhecem a Bíblia, etc. Os novos manuais serão uma mais valia para o professor e para a disciplina já que estes estão desactualizados. É importante uma aproximação da realidade dos alunos, cativar… Tal como a história do principezinho ”. Susana Claro (Professora de EMRC – Escola Augusto Moreno em Bragança) “A disciplina de Educação Moral Religiosa Católica na escola é uma dimensão essencial para um crescimento harmonioso dos cidadãos, o saber religioso é um envolvente que potência os outros saberes e contribui para a sua integração. Pois, há alguns por menores que fazem toda a diferença, a começar pelo modo como inconscientemente, nos situamos no mundo diante de factos que só mesmo uma cultura religiosa nos permite perceber e conhecer o mundo em que vivemos. Importa assim sublinhar que a necessidade de estudar as religiões decorre da evidência de que não é possível ler muitas das produções culturais das sociedades – pensamento, arte, modos de vida, representações sociais, etc.. Ainda, tal como diz o ditado: “ o saber não ocupa lugar.” Penso que a Educação Moral Religiosa Católica na escola é sem dúvida o aprofundar a democracia e cuidar o bem comum, pelo facto da aprendizagem que se realiza através do conhecimento do conteúdo da mensagem cristã, onde se apresentam os valores Evangélicos: a fraternidade, o amor, a verdade, a esperança, o respeito, o perdão… Além do mais, é uma área formativa que tem como característica básica fundamental: dirigir-se a todos os alunos independentemente da sua crença religiosa.” João Xavier (Professor de EMRC-Torre de D’Chama) “Como cristãos devemos dar testemunho perante uma sociedade cada vez mais laica e sem rumo. Temos a função e o dever de contribuir para mudar essa mentalidade de quem frequenta a disciplina. Devemos fazer com que EMRC continue sem medi de nada para que as novas gerações encontrem de novo o caminho”. In Mensageiro Notícias

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