Sessão académica assinalou dia nacional da Universidade Católica Portuguesa
Lisboa, 01 fez 2024 (Ecclesia) – A reitora da Universidade Católica Portuguesa (UCP) afirmou hoje, numa sessão académica, no auditório Cardeal Medeiros da UCP, a propósito do seu dia nacional, celebrado a 4 de fevereiro, que “a universidade é uma nova coreógrafa do saber”.
“Num mundo desafiante, mas pleno de fascínio, a universidade é uma nova coreógrafa do saber, inspirando ao impulso de movimento em prol de um futuro de realização para todos”, afirmou.
Segundo Isabel Capeloa Gil a “Universidade Católica contribui para a formação de protagonistas de uma nova coreografia de saberes cada vez que junta a medicina com a ética, com a literatura e com a tecnologia, a teologia com a física, a economia com a psicologia, as ciências da comunicação com a filosofia e a ciência política, a arte com a biologia, o direito com a robótica”.
A reitora da UCP discursou, partindo das palavras que o Papa Francisco deixou aos jovens universitários, no dia 3 de agosto de 2023, na Universidade Católica Portuguesa, quando lhes disse: “Sede protagonistas duma ‘nova coreografia’ que coloque no centro a pessoa humana, sede corógrafos da dança da vida”.
“Na verdade, a coreografia da vida a que o Papa alude e a que impele os jovens é um apelo ao que hoje se designa por ‘empoderamento’, a que não se resignem como muitas vezes ele repetiu. Um apelo à ação livre e responsável, respeitando a liberdade dos outros”, destacou.
Para Isabel Capeloa Gil, “coreografar significa portanto invocar a harmonia e promovê-la. Significa entender que as questões estruturantes para que a humanidade e o planeta tenham futuro não se fazem em monocultura científica, mas que se desenvolvem de forma ecológica e em modelo integral”.
Além disso, a reitora recuou ao início da formação da universidade, frisando que “criar uma Universidade Católica em Portugal nunca foi consensual”.
“O combate pela autonomia da universidade esteve sempre presente na nossa história, nada foi fácil, mas a resignação também não faz parte da nossa narrativa. A criação de uma Universidade Católica em Portugal foi olhada com enorme desconfiança pelo Estado corporativo”, realçou.
A Católica move-se com espírito inconformista, que nunca se resigna” – Isabel Capeloa Gil
A reitora da UCP fez ainda referência aos valores da universidade: “Movemo-nos com autonomia, em liberdade, e respeitando a liberdade dos outros. Não porque nos motive a auto-preservação, mas porque a nossa missão é justamente a de formar empreendedores de sonhos, que não se resignam, como foi sempre assim”.
Por sua vez, o magno chanceler da UCP e patriarca de Lisboa fez uma reflexão sobre o papel da teologia no contexto da universidade e no âmbito da ciência.
D. Rui Valério serviu-se de Francis Bacon, “um dos pais da ciência moderna”, para abordar o que é que a teologia pode e deve conceder à ciência.
“Quando diz que a ciência é para reduzir seja o esforço, o cansaço do trabalho, seja para reduzir e diminuir a dor, o sofrimento, o que é o que Bacon aqui nos está a apresentar? Está-nos a dizer que a ciência serve para de certa forma redimir os efeitos do pecado original”, referiu.
De acordo com o magno chanceler da UCP, o segundo contributo “que a teologia pode dar à ciência é que lhe oferece um pano de fundo”.
“O próprio Bacon vai ritmar o tempo em três etapas, inspirando-se na teologia. E qual é essa tríade temporal? O passado, o presente e o futuro, óbvio. O passado, do ponto de vista teológico, é sempre o tempo do pecado, é o tempo do mal, o presente é o momento da redenção e o futuro é o tempo da salvação da plenitude. A ciência absorveu este pano de fundo. O passado é a ignorância, o presente é a pesquisa e o futuro é progresso”, assinalou.
A teologia não pode, de maneira nenhuma, ser […] uma periferia daquilo que é o âmbito da faculdade, da universidade e muito menos da ciência” – D. Rui Valério
No final do discurso, D. Rui Valério agradeceu à Universidade Católica Portuguesa e congratulou quem alcançou “metas tão almejadas e desejadas”, como é o caso do doutoramento.
“[A UCP], como tivemos ocasião de verificar ao longo da sua história, não haja dúvidas que é um laboratório da correlação entre fé e saber, da correlação entre ética e vida concreta e prática. E digo isto assim com muita certeza e com muita assertividade, não haja dúvida que a Universidade Católica em Portugal continua a ser uma página aberta e atualizada daquilo que é o Evangelho de Jesus Cristo e concretamente o Sermão da Montanha quando proclama bem aventurado o homem e a mulher que são pobres em espírito, porque ricos na ciência, no amor e na esperança”, conclui.
A sessão foi marcada também pela atribuição do grau doutor Honoris Causa a Rui Chafes e Helen Alford, pela imposição de insígnias e entrega de cartas doutorais aos doutores que obtiveram o grau em 2023 e ainda a entrega das medalhas de prata e de ouro aos colaboradores da UCP que completaram 25 e 40 anos de serviço no ano passado.
O Dia Nacional da UCP assinala-se anualmente no primeiro domingo do mês de fevereiro e este ano sob o lema “Uma Nova Coreografia do Saber”.
O patriarca de Lisboa celebra, no dia 4 de fevereiro, uma missa de ação de graças, na Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, em Lisboa, pelas 11h00.
LJ/OC