Educação: Gestores formados na Universidade Católica «em nada contribuíram para a crise», diz reitor

Braga da Cruz lembra papel de antigos alunos na «suprema forma de caridade que é promover o trabalho para todos»

Lisboa, 04 Fev (Ecclesia) – O reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP) recusa a tese de que os modelos económicos leccionados nos cursos de economia e gestão daquela instituição da Igreja são responsáveis pela crise em Portugal.

Em entrevista à ECCLESIA, Manuel Braga da Cruz frisa que as actuais dificuldades do país têm origem na dívida e despesa públicas, pelo que os “gestores formados pela Católica em nada contribuíram para a crise”.

O responsável afirma que os cursos de economia e gestão têm uma cadeira de Doutrina Social da Igreja (opcional), além de haver um “centro de ética” na Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais.

Por seu lado, a directora da Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais, Fátima Barros, sublinha que a UCP procura transmitir, “desde há muitos anos”, os valores “da ética e da responsabilidade social”, por exemplo através da disciplina obrigatória Cristianismo e cultura.

Braga da Cruz realça que há antigos alunos “na vanguarda de iniciativas de solidariedade social” e de “criação de emprego”, “traduzindo dessa forma os valores que lhes foram inculcados na Universidade Católica”, nomeadamente através da “suprema forma de caridade que é promover o trabalho para todos”.

Nos casos em que os estudantes formados na Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais se desviam dos ensinamentos da Igreja, a responsabilidade deve ser-lhes atribuída.

“Nós propomos valores, não os impomos”, pelo que poderá haver “algum antigo aluno da Universidade Católica que não os tenha assimilado e aceite”, afirma o reitor, lembrando que a Faculdade foi recentemente considerada pelo jornal britânico ‘Financial Times’ como “a melhor escola de gestão do país”.

Para Fátima Barros, os valores da Universidade Católica, que se traduzem numa “cultura de rigor e exigência”, constituem provavelmente “o melhor instrumento para ultrapassar a crise”, o que, no entender da responsável, tem sido reconhecido pelas empresas

Paralelamente às aulas são propostas actividades que integram os estudantes em “práticas que traduzem os valores evangélicos da Doutrina Social da Igreja”, refere o reitor na entrevista que vai hoje para o ar, a partir das 18h00, na RTP 2.

Um exemplo apontado por Braga da Cruz é o trabalho voluntário em instituições de solidariedade, como sucede aquando da “participação muito intensa de todos os alunos da Universidade Católica nas campanhas do Banco Alimentar Contra a Fome”.

Fátima Barros assinala a instituição da “praxe solidária”: no primeiro ano da Faculdade, uma das formas de praxe consiste na pintura de uma escola em zonas desfavorecidas.

De acordo com o reitor, a solidariedade concretiza-se igualmente na política de concessão de “imensas bolsas”, apesar das dificuldades económicas experimentadas pela UCP, que não recebe qualquer apoio do Estado, excepto o curso de Medicina Dentária, em Viseu.

A sessão solene que assinala o dia da Universidade realiza-se hoje em Lisboa, pelas 16h30, presidida pelo magno chanceler da instituição, cardeal José Policarpo.

A UCP, fundada em 1967, tem centros em Lisboa, Porto, Braga e Viseu, além de um instituto em Macau, onde disponibiliza, de acordo com o seu site, “47 licenciaturas e mais de quatro dezenas de Pós-Graduações, Mestrados e Doutoramentos, frequentados por 12 mil alunos”.

PTE/PRE/RM

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