Fernanda Montenegro destaca que os alunos chegam «e já se vê um sorriso, já vai atrás do colega», ao fim de uma ou duas semanas

Lisboa, 15 set 2025 (Ecclesia) – A professora Fernanda Montenegro explicou que é preciso “ter cuidado acrescido” com os alunos estrangeiros, para que se sintam acolhidos, uma atenção da escola pública e na escola privada, no contexto do ano letivo 2025/2026, que está a começar.
“Tudo é diferente. Não falam a língua, não conhecem o país, não conhecem as tradições, toda a gente olha para eles de lado. Então, há que ter cuidado acrescido com esses jovens para que sintam, nessa primeira semana que faz toda a diferença, que pertencem”, disse a Fernanda Montenegro, que vai começar o ano letivo num novo agrupamento, após 16 anos na Escola da Damaia, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O Ministério da Educação, Ciência e Inovação de Portugal informou que estiveram “178 133 alunos estrangeiros matriculados” no período letivo de 2024/2025, no dia 30 de agosto, a pedido do jornal Público, e, segundo a professora de Inglês estes “são aqueles que precisam ainda mais daquele carinho, daquela atenção especial”, para a sua integração na escola.
Fernanda Montenegro realça que nas escolas “há muito cuidado em relação aos imigrantes” para que consigam “rapidamente fazer parte da escola”, e destaca que na Escola da Damaia, onde esteve durante “16 anos”, criaram “uma equipa de acolhimento”, com “professores, assistentes sociais, animadoras”, e ainda um aluno.
“Quando chegava um aluno estrangeiro era acolhido por um desses elementos, e a partir daí vamos tratando de tudo o que precisa a nível social, médico, escolar. Depois temos sempre um menino para acompanhar esse aluno novo e para o integrar mais rapidamente na escola; por norma, os alunos vão chegando e, ao fim de uma semana, duas semanas, já se vê com um sorriso, já vai atrás do colega”, explicou a docente.
Nos Colégios Maristas, segundo o entrevistado, têm também alunos estrangeiros, “não tanto quanto a escola pública, como é conhecido”, mas esta diversidade “chega à escola privada e à escola católica”, e existe “esta preocupação por acolher e por trabalhar”, quando “a língua materna não foi o português”.
“E temos que, naturalmente, estar atentos e tentar desenvolver as ferramentas para que aquele aluno possa acompanhar e possa estar e integrar-se plenamente nas dinâmicas dos colégios. Essa é também uma realidade que, ultimamente, temos vindo a experimentar no seio das nossas comunidades educativas, e que é uma aprendizagem para nós, para os professores, e para as famílias”, desenvolveu Eurico Santos, que está ligado à gestão pedagógica.

Nos Colégios Maristas, as comunidades educativas tentam responder à procura do “seu corpo de alunos e de famílias” e aí têm essa “riqueza”, neste contexto, “uma coisa muito importante é a partilha”, porque aprendem muito das realidades de outros colégios que, “efetivamente, mesmo dentro do mundo marista, acolhem imigrantes e também refugiados”.
“Em Portugal procuramos responder a esta necessidade envolvendo também os outros alunos, porque também é uma aprendizagem para os outros, não só para o aluno que é refugiado ou que é imigrante, mas todo aquele que acolhe, e tem essa oportunidade de conviver com o mundo que hoje é global, e que nos toca a todos”, acrescentou Eurico Santos.
Fernanda Montenegro acrescenta ainda que na sala de aula, pelo menos na sua disciplina de Inglês, os alunos estrangeiros têm tempos onde apresentam “um pouco do seu país, da sua cultura”, porque “acaba a ser um bocado mais fácil”.
“E depois sempre ter algum coleguinha que fique encarregue de levar ao refeitório, ao bar, às outras salas de aula, tentando que ele não fique sozinho”, referiu a professora que vai começar o Ano Letivo 2025/2026 num novo agrupamento, a Escola de Miraflores em Algés, no Programa ECCLESIA, emitido esta segunda-feira, na RTP2.
Os dois professores comentaram também a falta de professores e a proibição de utilização de telemóveis por parte dos alunos do 1º e 2º ciclos do ensino básico, nas suas realidades.
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