Jacinto Jardim e Fernando Magalhães incentivaram as Escolas Católicas a «pensar fora da caixa» e à «autenticidade e identidade», em congresso global que decorre na Madeira

Funchal, Madeira, 10 jul 2025 (Ecclesia) – O físico Carlos Fiolhais afirmou que “a educação será sempre um problema”, é o que se tem de “empreender para que as crianças e os jovens tenham uma vida plena”, e a imitação dos humanos, pela Inteligência Artificial, presta-se “a confusões”.
“A educação será sempre um problema, porque a educação é aquilo que nós temos de empreender para que as crianças e os jovens tenham, depois, uma vida plena”, salientou, hoje, em declarações à Agência ECCLESIA, no congresso global das Irmãs da Apresentação de Maria, no Funchal.
“Chamamos processo educativo a isso, como se diz, na escola e com professores. Não estou a ver que possa ser feita de outro modo, de modo que não estou a ver que a escola e os professores possam algum dia ser substituídos. Agora, é um papel muito difícil”, acrescentou o docente universitário.
Carlos Fiolhais explicou que não se pode “adivinhar o futuro”, quando uma pessoa diz que se vai preparar “para a vida”, o melhor que se pode fazer “é olhar para o passado”, e ver o que pode aprender.
A escola, resumido de maneira muito simples, destina-se a ver o melhor da humanidade no passado para que a humanidade no futuro possa ser melhor.”
O professor da Universidade de Coimbra, que apresentou o tema ‘Inteligência artificial e o futuro da educação’, salientou que a distinção entre o que é humano e aquilo que não é humano “é cada vez menos nítida”, os modernos sistemas de Inteligência Artificial, “cada vez melhores, a imitar os humanos, pode-se prestar a muitas confusões”.
“O falso inundou bastante a internet. A questão é o que é que nós devemos, o que é que podemos acreditar, a questão da confiança, neste momento, neste mundo, está em perigo, e só pode ser resolvida se reforçarmos os laços da humanidade”, realçou, indicando que um programa bom para o futuro é “salvar a humanidade, de si própria”, há pessoas que “simplesmente espalham o mal”.
O professor Jacinto Jardim, da Universidade Aberta de Portugal, propôs que as escolas das congregações religiosas consigam trabalhar, essencialmente, em duas grandes áreas, “mais ao nível do interior do aluno e dos professores e das pessoas”, a parte socio-emocional, “através de um conjunto de valores específicos”, num trabalho que “leve especificamente à interioridade, associado à espiritualidade”.
“Ao mesmo tempo, consigam agarrar aquelas temáticas que são emergentes no mundo de hoje, nomeadamente, as questões relacionadas com uma cultura empreendedora, de inovação, introduzir as questões do digital, da Inteligência Artificial, e depois consigam trabalhar num formato de rede de internacionalização”, acrescentou o investigador, em declarações à Agência ECCLESIA.
Segundo Jacinto Jardim, que propõe que se consiga “pensar fora da caixa”, se as escolas conseguirem trabalhar nessa lógica, “de chegarem à mente e ao coração das crianças, dos adolescentes e dos jovens com a própria identidade cristã”, terão uma “marca diferenciadora” na educação.
O ‘pensar fora da caixa’, para o entrevistado, tem o lado do “acesso à natureza, como um elemento diferenciador na educação de hoje”, pressupõe que criem “novos paradigmas”, na continuidade daquilo que predominou até agora, com a “possibilidade de inovar”, e “uma inovação disruptiva na educação”.
Já o presidente da Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC) afirmou que “autenticidade e identidade” são as palavras-chave para o futuro destes estabelecimentos de ensino, isto é, procurar, “a raiz, o fundamento, e não renunciar a ele”.
“Procurar a nossa identidade, aquilo que nos é próprio, que nos é específico, aquilo que não muda quando tudo muda à volta, e, depois, fazê-lo de uma forma autêntica; é olhar para o lado, ler os sinais dos tempos e adaptar aquilo que nos é próprio, de uma forma autêntica, ao tempo que é o nosso”, desenvolveu Fernando Magalhães, à Agência ECCLESIA.
O presidente da APEC, que é também o diretor do Externato Frei Luís de Sousa (Almada), na Diocese de Setúbal, apresentou o tema ‘Desafios futuros à Educação nos Colégios Católicos’, afirmou que “não basta a autenticidade para a excelência”, salientando que existe “uma componente de rigor técnico, de profissionalismo”, de profissionalização dos processos pedagógicos, para, efetivamente, essa excelência.
![]() Fernando Magalhães lamentou ainda que, em Portugal continental, exista a impossibilidade da liberdade de escolha do sistema de ensino pelas famílias que “é um obstáculo aos projetos de vida das famílias” e também às Escolas Católicas. “Nós não podemos ter escolas que sejam apenas escolas de ricos e de meninos ricos. Nós, as escolas católicas, não queremos ser isso; parecem querer obrigar-nos a esse efeito, limitando o acesso de outros que não podem, por um qualquer motivo, aceder a escolas de natureza privada; o que se pede é que, efetivamente, as famílias possam fazer essa opção, suportando o Estado aquilo que, efetivamente, suporta na rede de ensino estatal”, explicou o presidente da Associação Portuguesa de Escolas Católicas. |
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