Instituição «Jesus Maria e José», no Porto, ameaçada por défices sucessivos, assegura continuidade com venda de património
Porto, 12 set 2011 (Ecclesia) – A Escola Jesus, Maria e José, no Porto, baixou em 30% o preço das refeições e dos uniformes para combater a diminuição do número de inscrições e assegurar a sua viabilidade financeira, ameaçada por défices sucessivos.
O custo mensal do almoço passou de 70 para 50 euros e as batas são agora vendidas a 15 euros, menos 10 do que o ano passado, explicou hoje à Agência ECCLESIA um dos membros da direção da escola que se dedica à lecionação dos quatro anos do primeiro ciclo do ensino.
A medida “tem a ver com a redução de custos”: “Precisamos de crianças. Este ano, fruto dos tempos nada agradáveis que vivemos, houve uma redução significativa de alunos”, referiu Paulo d’Almeida Santos, que lamenta a quebra de 80 para 50 crianças verificada de 2010 para 2011.
O responsável salienta que a instituição, sem fins lucrativos, está a fazer um “esforço brutal” para manter o primeiro ano a funcionar com apenas quatro crianças, já que o subsídio estatal e comparticipação dos pais são insuficientes para cobrir os honorários do professor.
“A mensalidade, que vai dos 60 aos cerca de 100 euros mensais, é aplicada em função do rendimento familiar”, indica Paulo d’Almeida Santos, acrescentando que o corte nas refeições e equipamentos, feito às custas dos lucros da escola, está a ser acompanhado pela procura de fornecedores que garantam serviços com custos mais acessíveis.
A crise e a alternativa do ensino oficial “gratuito” são algumas das razões para o decréscimo “gradual” de crianças, que começou há quatro anos, quando a comunidade de religiosas Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição deixou a casa onde vivia, junto à escola.
Com a saída das freiras, por decisão da superiora da congregação, a instituição teve de procurar alternativas para as refeições das crianças, asseguradas pelas religiosas, que também davam catequese aos alunos e às crianças residentes na zona do Monte Pedral, onde se localiza a escola.
O ano letivo, que começou hoje, tem como novidade a estreia de uma religiosa que vai dar aulas de educação física e retomar a catequese, enquanto que as refeições e os serviços de manutenção vão contar com a colaboração de voluntários.
A direção, que se “vê às aranhas para pôr a escola a funcionar”, depois de anos a “somar défice atrás de défice”, chegou a equacionar o encerramento em 2010, e para continuar a pagar aos onze funcionários teve de vender uma casa situada na zona nobre da Foz.
“Venderam-se os anéis para manter os dedos”, afirma Paulo d’Almeida Santos, que não quer deixar morrer uma instituição anterior à República e que já teve mais de 600 crianças.
O estabelecimento de ensino, integrado numa associação que dirigiu várias instituições de beneficência na diocese do Porto, tenta também “cativar vontades” para a construção de uma obra social composta por lar, centro de dia e apoio domiciliário para idosos.
RM