XII Encontro Nacional do Ensino Secundário termina em Bragança com a participação de três mil pessoas e com a certeza do lugar da disciplina em ambiente escolar com marca de «humanismo« e aprofundamento «cultural»
Bragança, 13 abr 2024 (Ecclesia) – O diretor do Secretariado de educação cristã na Igreja católica afirmou hoje que a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) ajuda “num tempo de guerra, a sonhar e a perspetivar o futuro”.
“(A disciplina) Ajuda a desbravar o futuro, a conhecermo-nos melhor e a ter os valores estruturantes da pessoa humana: a amizade, o perdão, a capacidade de perdoar. Neste tempo que vivemos de guerras, ajuda a sonhar e a perspetivar o futuro. Gestos partilhados entre jovens e professores com uma vela na mão, como o que vivemos ontem, significava também isto: a paz é possível”, explica Fernando Moita em declarações ao portal Educris e à Agência ECCLESIA.
“A disciplina de EMRC ajuda a formar a pessoa no seu todo e apelamos muito aos professores que motivem nos agrupamentos, às famílias para que acreditem que a disciplina quer receber as suas crianças e filhos, dizendo que a aprendizagem e a vida em construção destas crianças será mais eficaz”, acrescentou.
Cerca de três mil participantes estão em Bragança na XII edição do Encontro Nacional do Ensino Secundário (ENES), representando “77 realidade educativas, da totalidade do país”.
O diretor do Secretariado Nacional de Educação Cristã (SNEC) reconhece a escola como o “lugar por excelência para construir o futuro” e a “educação como “valor primordial”.
“Enquanto disciplina quisemos apostar neste encontro na dimensão do coração e nos sentidos: só viveremos um futuro maravilhoso se, no hoje, tivermos a capacidade para olhar, com os pés assentes na terra, saborear o que a natureza nos dá, o que o trabalho dos irmãos nos oferece. Os alunos fizeram uma experiência de saborear a vida e projetar o seu futuro”, traduz.
O responsável enquadra o trabalho que está a ser realizado pelo SNEC para “estar cada vez mais dentro e nos lugares onde os jovens estão”.
“Esta dimensão dos recursos digitais significa dizer aos jovens e famílias, que escolhem a disciplina, que queremos dar o melhor que conseguimos e, sobretudo dizer aos professores, que são brilhantes no seu trabalho, homens e mulheres apaixonados pela causa da educação e do Evangelho, dizer que a Igreja quer ajudar no cumprimento da sua nobre tarefa, ajudar a juventude a crescer e a sonhar”, enfatiza.
De Guimarães, Jéssica Martins, a frequentar o 10º ano, explica que com a inscrição na disciplina consegue “aprender mais” e que a participação no encontro em Bragança lhe permitiu “conhecer melhor a música católica”, novos lugares e novas amizades.
“Em EMRC além de aprender sobre religiões, aprendemos mais sobre nós e a respeitar os outros. Esses conteúdos não estão presentes em outras disciplinas”, indica.
A colega Rafaela Matos diz ser católica e que isso a levou a inscrever-se em EMRC.
“Nas aulas aprendemos a respeitar as diferentes religiões, falamos um bocado de todas e isso captou-me a atenção, a respeitar as pessoas, e isso é algo importante em especial nesta idades. Sinto que em EMRC aprendemos a valorizar a nossa liberdade, podemos exprimir-nos, podemos praticar a religião que queremos, admitir o que gostamos ou não”, explica.
D. António Augusto Azevedo, presidente da Comissão Episcopal Educação Cristã e Doutrina da Fé, afirmou que o XII encontro traduz a “disponibilidade e abertura para participar, dos jovens e alunos, mostrando uma boa dinamização em cada escola”.
“Esta disciplina é significativa porque o conjunto dos programas, nos vários ciclos e, em especial no ensino secundário, traduz uma disciplina diferente com marca cristã e essa marca permite que os jovens, nesta idade tão importante, sejam capazes de refletir, aprofundar, trabalhar sobre temas decisivas no seu crescimento”, explicou ao Educris e à Agência ECCLESIA.
“Se queremos um ensino de qualidade nas várias matérias, se queremos gente bem preparada, a disciplina de EMRC fornece um conjunto de possibilidades essenciais para gente bem formada. Este é um contributo na sala de aula mas que se estende ao contexto de escola na área do humanismo, de cultura e aprofundamento de questões essenciais, sendo um contributo insubstituível”, sublinhou.
D. Nuno Almeida, bispo da diocese de Bragança-Miranda, anfitriã do encontro lembrou “ecos da JMJ Lisboa 2023 com a invasão de uma onda jovem na cidade”.
“Neste momento precisamos compreender que as pessoas não se inscrevem ou não virão para o Seminário espontaneamente. O ambiente cultural requer um esforço de aproximação, com amizade e simplicidade, para partilhar experiências, dúvidas mas também o acreditar nos valores do Evangelho, que isso traz alegria, dá rumo e sentido à vida”, explicou.
LS