Mensagem para a Semana Nacional da Educação Cristã
1. A educação é tão importante na vida do ser humano que, sem ela, ninguém cresce harmoniosamente e ultrapassa um estilo de vida marcado pela vulgaridade. É que a educação proporciona a cada ser humano o conhecimento de si próprio, a consciência da necessidade dos outros para a sua própria realização, a abertura às dimensões espiritual e transcendente da vida, e o empenho crescente no seu próprio desenvolvimento e na construção da sociedade em que está inserido. A educação é um contributo indispensável para o desenvolvimento integral da pessoa humana.
Ainda recentemente, o Papa Bento XVI, atento às necessidades do nosso tempo, sublinhava que a educação é uma grande “emergência” no mundo de hoje (1). Por isso, as dificuldades que os educadores sentem para enfrentar os novos desafios não podem conduzir ao desânimo e ao enfraquecimento do seu empenho.€
Todos estamos cientes de que os obstáculos e insucessos com que os educadores se defrontam podem e devem ser superados. O compromisso de cada um dos educadores é a via prioritária para o fazer. A todos é hoje lançado o repto de imprimir, na sua acção quotidiana, um dinamismo novo de criatividade e solidariedade.
2. A Igreja sempre assumiu a educação como um imperativo da sua missão evangelizadora, consciente de que é através da educação que se constrói a realização humana e o futuro da própria humanidade. Por isso, empenha-se em promover a educação cristã, como um serviço e um compromisso: serviço do “homem novo” (2) e de uma sociedade renovada, nos quais estão directamente envolvidos a Família, a Escola, a Paróquia e os Movimentos e Associações laicais.
3. A Semana Nacional da Educação Cristã de 2009 acontece no decorrer do Ano Sacerdotal. Por isso, a nossa Mensagem dirige-se em primeiro lugar aos sacerdotes; e, em seguida, a todos quantos trabalham no mundo da educação cristã.
Pelo sacramento da Ordem, os sacerdotes são constituídos “educadores da fé” (3). É essa uma missão ampla e essencial, porque a educação da fé é a trave mestra da educação cristã. Reveste-se de múltiplas formas, requer o vigor da dimensão missionária e exige formação actualizada e doação permanentes (4).
3.1. Apelamos aos sacerdotes a que, no conjunto das suas múltiplas tarefas e constantes solicitações, dêem especial atenção à Catequese em todas as idades. Sendo, embora, a catequese de adultos ponto de referência para a catequese em todas as idades, há que dar atenção particular à infância e adolescência, nesta fase importante de lançamento de novos catecismos.
A comunidade cristã é, no seu conjunto, responsável pela catequese, como seu sujeito, ambiente e meta5. Mas os sacerdotes, como pastores que orientam as comunidades, têm uma tarefa especial:
“São eles que podem ‘suscitar e alimentar uma verdadeira paixão pela catequese, que se concretize numa organização adaptada e eficaz’ (João Paulo II. Exortação Apostólica Catechesi Tradendae, n. 63). Compete aos pastores procurar que a catequese seja, efectivamente uma actividade prioritária na missão pastoral dedicando-lhe ‘os melhores recursos de pessoal e de energias, escolhendo e formando pessoas qualificadas’ (ibid., n. 15). Pertence também aos pastores suscitar a corresponsabilidade da comunidade pela catequese e integrar a acção catequética na pastoral global, ‘cuidando especialmente da ligação entre catequese, sacramentos e liturgia’ (Congregação para o Clero. Directório Geral da Catequese, 225)” (6).
Os bispos contam com o empenho de todos os sacerdotes na renovação da Catequese e que o integrem como alimento fecundo do seu caminho para a santidade.
3.2. A educação cristã não se restringe à Catequese. Começa na Família e prolonga-se na Escola, que lhe presta um contributo subsidiário, sendo frequentemente apoiada, mormente nos adultos, pelos Movimentos e Associações laicais.
Por isso, é indispensável que os sacerdotes acompanhem de perto as famílias na sua tarefa educativa, oferecendo-lhes propostas de catequese de adultos, procurando empenhá-las na catequese dos filhos e motivando-as para a inscrição dos mesmos na disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica.
A missão evangelizadora das comunidades cristãs e dos seus pastores, em particular, requer especial atenção ao meio social em que as comunidades estão inseridas, às culturas locais e às instituições educativas que as integram, as quais oferecem, com frequência, um conjunto de potencialidades educativas nem sempre suficientemente reconhecidas e valorizadas pelas comunidades cristãs.
Neste sentido, intensifiquem os párocos o diálogo e o trabalho conjunto com os professores de Educação Moral e Religiosa Católica e com os demais agentes educativos, a fim de os apoiarem na sua missão, de lhes proporcionarem um enquadramento comunitário e de procurarem uma maior harmonia entre as acções pastorais desenvolvidas nas escolas e nas paróquias.
4. O Ano Sacerdotal não diz apenas respeito àqueles que estão investidos do sacerdócio ministerial. Todos os baptizados passam a fazer parte integrante da Igreja, Povo Sacerdotal. O próprio ministério do sacerdote “existe em favor da Igreja; é para a promoção do exercício do sacerdócio comum de todo o Povo de Deus”(7). E só nesta ligação tem sentido.
Por isso, dirigimos também uma palavra às famílias – sobretudo aos pais e aos avós, os quais desempenham na actualidade um papel tão significativo no apoio que prestam aos filhos e na transmissão de valores fundamentais e do testemunho de fé junto dos netos –, aos catequistas, aos professores – de Educação Moral e Religiosa Católica e de outras disciplinas – e aos responsáveis das escolas católicas.
É uma palavra, em primeiro lugar, de reconhecimento pelo bem prestado pela Igreja à sociedade, através da dedicação e competência com que desempenham o seu trabalho. Em segundo lugar, de incentivo a que façam das suas vidas uma oferta permanente de louvor a Deus, em comunhão eclesial.
Assim, com o empenho de todos na área da educação – na fidelidade aos valores e critérios do Evangelho e na comunhão dos diversos ministérios e carismas –, contribuiremos, neste Ano Sacerdotal, para o crescimento da Igreja, Povo Sacerdotal, ao serviço da construção de um mundo renovado e com futuro.
Nossa Senhora das Dores, a quem diante da cruz de seu Filho uma espada trespassou a sua própria alma (8), nos acompanhará e ajudará, com o seu amor de Mãe, a vencer todos os obstáculos, com esperança e alegria.
Festa de Nossa Senhora das Dores
Lisboa, 15 de Setembro de 2009
A Comissão Episcopal da Educação Cristã
Notas:
1 – Cf. Bento XVI. Carta à Diocese de Roma sobre A Tarefa urgente da Formação das Novas Gerações. Vaticano, 21 de Janeiro de 2008.
2 – Cf. Col 3, 10.
3 – Concílio Vaticano II. Presbyterorum Ordinis, Decreto sobre o ministério e a vida dos presbíteros, n. 6. Cf. Congregação para o Clero. Directório Geral da Catequese, n. 224.
4 – Cf. Bento XVI. Discurso durante a audiência concedida à Congregação para o Clero. Vaticano, 16 de Março de 2009.
5 – Cf. Conferência Episcopal Portuguesa. Para que tenham a Vida. Orientações para a Catequese actual. Fátima, 23 de Junho de 2005, pp 7 e 20.
6 – Ibid., p. 22.
7 – João Paulo II. Exortação Apostólica Pós-Sinodal Pastores Dabo Vobis, sobre a formação dos sacerdotes nas circunstâncias actuais. Roma, 25 de Março de 1992, n. 16.
8 – Cf. Lc 2, 35.