Educação Cristã: «Temos de ajudar as crianças a apreciar a dimensão da santidade» – Fernando Moita

Coordenador do Departamento de Educação Moral e Religiosa Católica abordou tema da semana nacional 2018

Lisboa, 23 out 2018 (Ecclesia) – O coordenador do Departamento de Educação Moral e Religiosa Católica em Portugal diz que o papel do educador cristão é ajudar a “gerar novas pessoas” a partir da “mais-valia do Evangelho” que convida à “santidade”.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, no âmbito da Semana Nacional da Educação Cristã que está a decorrer até ao próximo domingo, Fernando Moita salienta que é essencial “ajudar as crianças a apreciarem, a saborearem esta dimensão da santidade” e para isso é preciso envolver mais os diversos agentes que trabalham neste setor, sejam eles sacerdotes e diáconos, professores ou catequistas, pais e avós, porque “ninguém é santo sozinho”, isto pressupõe um caminho “em comunidade” e apoiado no “testemunho” dos mais velhos.

“A própria educação tem muito a ver com a imitação, as crianças crescem imitando os adultos. E esta semana tem a ver exatamente com esta proposta, não de modelos como quando vamos a um pronto-a-vestir e compramos qualquer coisa, mas de alguém que nos estimula a caminhar, a crescer, a ser”, sustenta Fernando Moita.

Este ano, a Semana Nacional de Educação Cristã tem como tema ‘Ser Feliz é Ser Santo’ e dá destaque à exortação do Papa Francisco ‘Gaudete et Exsultate’ (Alegrai-vos e Exultai), que propõe o modelo cristão de felicidade “como alternativa ao da sociedade consumista e egoísta”.

Fernando Moita recorda a recente canonização do arcebipo de San Salvador, D. Óscar Romero, considerado a voz dos oprimidos e indefesos, para sublinhar que a santidade não é algo de inatingível.

O Papa quer dizer que os santos estão por aí. E é isto que nós, enquanto educadores cristãos, queremos dizer”, apontou.

Para o padre Tiago Neto, diretor do Departamento de Catequese do Patriarcado de Lisboa, isto pressupõe uma forma de ensino cada vez mais próxima e envolvida na vida das crianças, adolescentes e jovens.

“O catequista não é apenas alguém que está uma hora por semana a ensinar alguma coisa, mas alguém que se embranha, que se envolve na vida dos seus catequizandos, das famílias, na vida daqueles que lhe são confiados”, sustenta aquele responsável, para quem “são estes testemunhos que tornam carnal, visível o Evangelho e a proposta cristã”.

“E só assim é que ela pode ser atrativa”, acrescentou.

Nas últimas décadas, a educação cristã tem apostado cada vez mais numa “dimensão proativa”, desafiando os mais novos a participarem em “ações concretas” no meio das comunidades, ao nível do voluntariado com idosos.

“De alguma forma podemos dizer que aqui se abre um campo muito grande e bonito de experimentação do que é ser santo e ser santo com felicidade”, defendeu o padre Tiago Neto.

Fátima Soledade, da Paróquia do Parque das Nações, em Lisboa, dá como exemplo a experiência que promoveu com o seu grupo quando visitou a Casa Bento Menni na Guarda.

“Fui com eles de comboio para um lar com pessoas com problemas de deficiência mental, e tínhamos o propósito de levar uma flor e um abraço, e assim foi”, conta a catequista.

Graças a experiências deste género, na prática, no terreno, muitos deles “conseguem hoje muito facilmente dar-se ao outro, testemunhar Jesus na sua vida diária, na escola, na família, na comunidade porque grande parte deles também já fazem parte da comunidade, alguns dão catequese, outros estão nos escuteiros”, realçou Fátima Soledade.

Por mais que seja “difícil por vezes transmitir” essa realidade aos mais novos, a atitude principal deve ser “agarrá-los e levá-los”, completou.

JCP

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Agência ECCLESIA

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