Educação: Bispo de Beja alerta para a «instabilidade no meio escolar»

Mais do que «reformas apressadas» são precisas «boas práticas» para prevenir a desilusão e o desemprego dos jovens, realça D. António Vitalino

Beja, 13 mai 2013 (Ecclesia) – O bispo de Beja diz que é preciso dar mais atenção à educação e ao ambiente escolar, “que se tem degradado a pretexto da crise económica”.

“Nem sempre as grandes reformas são mais dispendiosas que aquelas que temos implementado no nosso país e que têm criado muita instabilidade no meio escolar, altamente prejudicial para o desenvolvimento e coesão social”, salienta D. António Vitalino, na sua habitual nota semanal, enviada à Agência ECCLESIA.

O prelado recorda que para “modernizar a escola e poupar recursos criaram-se os mega-agrupamentos, gastaram-se milhões na sua construção e dotou-se os edifícios de equipamentos e dimensões” que atualmente “encarecem o funcionamento da escola”.

Para o responsável católico, “olhou-se mais ao material que às pessoas. Perdeu-se a dimensão da proximidade entre os intervenientes, família e escola, massificou-se o ensino e despersonalizou-se o ambiente escolar”.

Ao mesmo tempo, “deu-se mais importância à técnica e à burocracia que às pessoas e com isso se tornou mais difícil realizar um dos principais objetivos da escola: o crescimento integral da pessoa na riqueza de todas as suas dimensões”.

“Em vez de reformas apressadas, impostas pelo governo, talvez fosse melhor envolver todos os implicados no processo, ouvir e avaliar as suas sugestões, apoiar experiências diversificadas e selecionar as boas práticas, mesmo demorando mais tempo na reforma escolar. Com isto todos ganharíamos”, aponta D. António Vitalino.

Na sua reflexão, o prelado lamenta também “o desfasamento entre escola e mundo do trabalho, sublinhando a importância de “adequar a aprendizagem” dos alunos à sua “futura intervenção na sociedade”.

“Isto significa que é preciso relacionar melhor a escola com as empresas, sejam elas de produção fabril ou de serviços, sem esquecer a área da investigação e do ensino”, propõe o bispo de Beja.

D. António Vitalino chama a atenção para “a grande percentagem de académicos no desemprego” e para a existência de “muitos” estudantes “desiludidos, desanimados, a viver à custa da família, quando um jovem deveria ser por natureza uma pessoa animada e empreendedora”.

“Nestes dias, nas terras onde há escolas de ensino superior, organizam-se festas de queima das fitas e de bênção de finalistas. Pergunto-me se os nossos governantes têm dado a devida atenção à escola, de modo a evitar tanta frustração e descontentamento entre a juventude e tanto prejuízo e desperdício para a sociedade e o país”, conclui.

JCP

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