Projeto da Fundação Fé e Cooperação procura promover cidadania e «relações saudáveis»
Lisboa, 14 fev 2020 (Ecclesia) – Os alunos do agrupamento de Escolas da Damaia, na Amadora, estão hoje e amanhã a realizar uma «Maratona do Amor», para sensibilizar a comunidade docente e não docente contra a violência no namoro.
“Há uma bicicleta estática que não pode parar e ao longo do dia de hoje e amanhã, com alunos, docentes e não docentes e familiares estão a pedalar para levar o mais longe possível esta mensagem de promoção de relações positivas e saudáveis”, indica à Agência ECCLESIA Maria João Marques, gestora de projeto da Fundação Fé e Cooperação (FEC).
Até às 15h de hoje mais de 100 quilómetros foram pedalados com “muito entusiasmo”, regista a gestora, que avança o sucesso do projeto por ter sido “criado com envolvimento dos próprios alunos e de toda a comunidade escolar”.
“Falamos de um agrupamento que é, desde 1996, um território educativo de intervenção prioritária, porque é marcado pela pobreza, exclusão social, inserido num território económico e socialmente desfavorecido e tem questões como a violência e indisciplina, abandono escolar”, assinala.
Os alunos estão a “desafiar os pais e familiares a deslocarem-se à escola este sábado, porque além da «Maratona do Amor» em torno da bicicleta, os alunos, familiares, e restante comunidade pintarem a escola e os pilares da escola, traduzindo nas paredes os princípios do patrono Pedro D’Orey da Cunha, em trono da cidadania e da diversidade. Há um frenesim”, avança.
Um estudo divulgado esta sexta-feira, Dia dos Namorados, pela UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) indica que 67% dos jovens consideram normal a ocorrência de, pelo menos, uma situação de violência no namoro e 58% assume já ter sido vítima.
Segundo o mesmo estudo, a maior parte das situações legitimadas num namoro, mais especificamente 24%, prende-se com a violência sexual; 24% indica perseguição e 16% a violência psicológica.
Maria João Marques dá conta que na base está uma reflexão “mais profunda” por partes dos alunos que “entendem que a violência pode assumir diferentes formas: a intimidação, violência emocional e psicológica, violência física, isolamento social, violência sexual, abuso económico e percebem o impacto de terem relações positivas e saudáveis”.
“Não podemos esquecer que estes alunos são oriundos, muitas vezes, de contextos de violência doméstica e que este agrupamento, há algum tempo atrás, estava no topo do ranking em violência escolar. É um tema muito pertinente até para o contexto nacional”, frisa a responsável.
O agrupamento de Escolas da Damaia tinha, no ano letivo de 2018/2019, 1377 alunos e compreende escolas de ensino básico, primeiro, segundo e terceiro ciclo.
A «Maratona do Amor» enquadra-se no projeto Pelotão 2030, uma iniciativa da FEC a ser implementada durante dois anos letivos; a iniciativa insere-se num quadro de um projeto de Educação para a Cidadania, gerido pela Fundação Gonçalo da Silveira e pelo Centro de Investigação para o Desenvolvimento Humano da Universidade Católica Portuguesa, do polo do Porto, sendo apoiado pelo programa Cidadãos Ativos.
A par desta iniciativa, está a ser implementada uma “ferramenta” que visa um “sistema de avaliação” para “aferir competências de cidadania”.
Esta ferramenta vai ser avaliada no final deste ano letivo e daqui a dois anos, permitindo, desta forma perceber o efeito benéfico destas iniciativas em competências de cidadania.
Maria João Marques indica ainda que o projeto quer fomentar uma “mudança sistémica na educação para a cidadania”, para além de “reforçar relações entre escolas e organizações locais, nomeadamente, organizações não-governamentais”.
LS