Cardeal Michael Czerny disse num encontro entre bispos anglicanos e católicos que primeira sessão da assembleia do Sínodo dos Bispos tem «elementos importantes do ecumenismo»
Cidade do Vaticano, 25 jan 2024 (Ecclesia) – O prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa) Sé afirmou que, para além do “método sinodal”, o “ecumenismo” também foi testado na assembleia de outubro de 2023, num encontro entre bispos anglicanos e católicos.
“A partilha sinodal entre as comunhões cristãs tem um enorme terreno a percorrer, mas fazê-lo vale imensamente a pena; a histórica primeira sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade (outubro de 2023) em Roma incluiu elementos importantes do ecumenismo”, disse o cardeal Michael Czerny, esta quarta-feira, 24 de janeiro, num encontro da Comissão Internacional Anglicana-Católica Romana para a Unidade e a Missão (IARCCUM), na Casa do Bom Pastor.
No âmbito da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2024, que no hemisfério norte decorre entre 18 e 25 de janeiro, bispos anglicanos e bispos católicos estão reunidos, em Roma, para discutir princípios e perspetivas de colaboração ecuménica em questões de justiça.
Na intervenção enviada hoje à Agência ECCLESIA, pelo gabinete de comunicação do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, o cardeal Michael Czernyafirmou que “o método sinodal não foi a única coisa testada”, na assembleia realizada entre 4 e 29 de outubro de 2023, mas o “ecumenismo também”.
“O convite a delegados de diversas comunhões cristãs teve o caráter de uma hipótese: haverá um ‘sensus fidei’ [sentido da fé, ndr] que abranja todo o leque de comunhões? Penso que a experiência provou que, de facto, ‘somos um no Espírito’ (nas palavras de um hino de Peter Scholtes sobre a unidade cristã) – não em todos os detalhes, claro, mas nos aspetos essenciais subjacentes. Isto é absolutamente crucial”, desenvolveu o cardeal jesuíta.
Na reflexão, com o tema ‘O Sínodo sobre Sinodalidade e Ecumenismo’, D. Michael Czerny salientou que é importante “aprender sobre as diferentes formas de sinodalidade” nas outras tradições cristãs, citando o cardeal Kurt Koch, o responsável pelo Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos do Vaticano: “O batismo é o que nos une, o fundamento do ecumenismo e a base da sinodalidade”.
O prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral destacou que na “memorável” reunião de outubro os delegados – clérigos, membros de congregações religiosas, leigos, jovens e idosos, mulheres e homens – reuniram em mesas redondas, isto é, todos os participantes com “estatuto igual”.
Segundo o cardeal Michael Czerny esta disposição “não foi simplesmente um truque” mas o resultado necessário de uma “realidade mais profunda, o Batismo”, o Concílio Vaticano II ensinou, “em termos inequívocos, que todos os batizados possuem igual dignidade”.
O colaborador do Papa Francisco afirmou que “um cristão sem bispo é menos cristão, e um bispo sem os seus necessários colaboradores no ministério é menos bispo” e realçou ainda que a participação de não-bispos na assembleia sinodal “enriquece o Sínodo e torna-o ainda mais episcopal”, não enfraquece “o carácter ou a natureza do Sínodo dos Bispos”, salientando que a 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em outubro de 2023, “foi mais plenamente um Sínodo dos Bispos do que as 15 sessões anteriores”.
CB/PR
A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2024 tem como tema “Amarás o Senhor teu Deus… e ao teu próximo como a ti mesmo”, do Evangelho de São Lucas (Lc 10, 27).
O Papa que, na manhã desta quinta-feira, já recebeu o arcebispo de Cantuária, líder espiritual da Comunhão Anglicana e primaz da Igreja de Inglaterra, preside à celebração das vésperas da festa da Conversão de São Paulo, na presença de lideranças de outras Igrejas, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, a partir das 17h30 locais (menos uma hora em Portugal). No final da celebração, Francisco e Justin Welby (Igreja Anglicana) vão conferir o mandato aos pares de bispos da da Comissão Internacional Anglicana-Católica Romana para a Unidade e a Missão que vão caminhar juntos e exercerem o seu ministério lado a lado, para serem “uma antecipação da reconciliação de todos os cristãos na unidade da Igreja de Cristo, una e única”. |