Será a primeira vez que a comunidade promove uma grande encontro numa república ex-soviética
António Marujo, jornalista do religionline.blogspot.pt, em serviço especial para a Ecclesia (o autor escreve segundo a anterior norma ortográfica)
Valência, 30 dez 2015 (Ecclesia) – Pela primeira vez, um encontro europeu de jovens, da peregrinação de confiança através da terra, promovido pela comunidade monástica ecuménica de Taizé (França) decorrerá numa ex-república soviética e num país báltico.
Do Mediterrâneo para o Báltico, do Sul para o Norte, de Valência (Espanha) para Riga, capital da Letónia: o anúncio foi feito pelo irmão Aloïs, prior de Taizé. Primeiro numa conferência de imprensa, depois na oração do final da tarde de hoje, em Valência, Espanha.
Um aplauso enorme acolheu a decisão da comunidade monástica ecuménica, numa das enormes tendas de oração montadas no jardim do Turia, no centro de Valência.
“Da costa do Mediterrâneo iremos à costa do Báltico”, disse o irmão Aloïs, anunciando que Riga será a próxima cidade que acolherá o encontro, em finais de 2016.
Presentes na oração, acompanhando a divulgação da notícia, estavam os arcebispos luterano e católico, respectivamente Janis Vanags e D. Zbignevs Stankevics.
Já à tarde, na conferência de imprensa em que informou os jornalistas, o prior de Taizé estava com os dois responsáveis, que representam as maiores igrejas cristãs do país e onde o diálogo ecuménico é muito forte.
“Fui consagrado na catedral luterana, do arcebispo Vanags, e isso diz tudo sobre a nossa colaboração” ecuménica, entre as diferentes igrejas, afirmou o arcebispo católico Stankevics, durante a conferência de imprensa.
No final da oração da noite, depois do anúncio, o arcebispo católico acrescentou: “O meu irmão e amigo [arcebispo Vanags] e eu concordámos em convidar-vos, e aos vossos amigos, a vir ter connosco à Letónia.”
“Será uma grande alegria podermos partilhar as nossas experiências com a vossa riqueza e as vossas tradições”, acrescentou o arcebispo luterano Vanags.
O encontro decorrerá, tal como este ano em Valência, entre 28 de dezembro e 1 de janero.
“Estamos muito felizes e excitados com a notícia”, disse à agência ECCLESIA Kristine Zaunzene, de 33 anos, advogada de profissão, e luterana.
“Já tivemos um pequeno encontro em 2014 e esta será uma nova ocasião de podermos acolher pessoas de diferentes culturas, igrejas e tradições e partilhar experiências sobre questões como a dos refugiados”, acrescentou.
Momentos antes, na oração, o irmão Aloïs recordou a sua presença em Homs, na Síria, na semana passada.
Tendo passado o Natal na cidade destruída, o prior de Taizé disse que “a fraternidade é o único caminho para preparar um futuro de paz”.
“Como podemos contribuir para este novo rosto que os imigrantes dão às nossas sociedades?”, perguntou.
Para Kristine, o encontro de Riga será importante “para testemunhar que é possível construir a paz, entre ucranianos, russos, bielorussos ou escandinavos e outros europeus” ou para perceber que, em questões como a do acolhimento a refugiados, os medos deixam de ter razão de ser quando se conhecem as pessoas.
“Também entre católicos, ortodoxos e protestantes gostamos muito de falar do ecumenismo, mas quando preparamos alguma coisa juntos é que percebemos melhor o que temos em comum”, acrescenta a jovem advogada.
Na oração desta noite, estavam presentes, além do arcebispo de Valência, vários responsáveis de diferentes igrejas cristãs da Comunidade Valenciana e de Espanha.
Também participaram na oração os novos arcebispos de Madrid (que estava em Valência até há pouco mais de um ano), D. Carlos Osoro, e D. José Omella, de Barcelona, bem como o presidente da Conferência Episcopal Espanhola, D. Ricardo Blázquez.
AM/OC