«O racismo é, tragicamente, parte do pecado que tem dividido os cristãos entre si», refere reflexão preparada por Conselho de Igrejas do Minnesota, nos EUA
Cidade do Vaticano, 14 jan 2023 (Ecclesia) – A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, com o tema “Aprendei a fazer o bem e procurai a justiça”, vai alertar este ano para as questões do racismo e da discriminação, por proposta do Conselho de Igrejas do Minnesota, nos EUA.
“O racismo é, tragicamente, parte do pecado que tem dividido os cristãos entre si, fazendo os cristãos celebrarem em horários separados, em lugares separados e, em certos casos, tem levado à divisão em algumas comunidades cristãs”, lê-se no guião mundial para a celebração, publicado pelo Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos (Santa Sé).
A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, celebrada de 18 a 25 de janeiro no hemisfério norte, assinala em 2023 que, como os líderes religiosos que foram “tão veementemente denunciados pelos profetas bíblicos”, alguns cristãos hoje “têm sido ou continuam a ser cúmplices da aceitação ou da perpetuação de preconceitos, da opressão e do crescimento da divisão”.
Os responsáveis pela reflexão lembram que a história mostra que, em vez de reconhecer a dignidade de todos os seres humanos, “muitos cristãos, frequentemente, deixam-se envolver por estruturas de pecado” como a escravidão, a colonização, a segregação e a separação que “feriram outros na sua dignidade, por questões raciais”.
O grupo de trabalho indicado pelo Conselho de Igrejas do Minnesota escolheu um versículo do primeiro capítulo do profeta Isaías como texto central: “Aprendei a fazer o bem, procurai o direito, travai o passo ao opressor, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva” (1,17), segundo a nova tradução da Bíblia da Conferência Episcopal Portuguesa.
“Isaías ensinou que Deus exige de todos nós um comportamento correto e exige que pratiquemos a justiça, em todos os momentos e campos da vida; Justiça, retidão e unidade têm a sua origem no profundo amor de Deus por cada um, estão no coração do que Deus é e do que Deus espera que sejamos uns para com os outros”, assinala o guião da celebração.
As Igrejas e confissões cristãs, refere a proposta de reflexão, “não podem ficar separadas por divisões que existem na mais ampla família humana”.
Se as Igrejas unirem as suas vozes à dos oprimidos, o seu grito por justiça e libertação será amplificado. Servimos e amamos a Deus e ao próximo servindo e amando uns aos outros em unidade”.
O grupo de trabalho alerta para “ideologias tóxicas”, como a supremacia branca e a ‘doutrina da descoberta’, lembrando o sofrimento provocada pela pandemia de Covid-19, enquanto, em Minneapolis, cidade do Estado de Minnesota, o afro-americano George Floyd, de 46 anos, morreu na sequência de brutalidade policial, a 25 de maio de 2020.
Os membros do grupo de redação (clérigos de várias gerações e lideranças laicais) esperam que “as suas experiências pessoais de racismo e desvalorização de seres humanos sirvam como testemunho da desumanidade dos filhos de Deus uns para com os outros”.
Os subsídios, preparados e publicados em conjunto pelo Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos (Santa Sé) e pelo Conselho Mundial de Igrejas, podem ser descarregados no sítio online do organismo do Vaticano.
O ‘oitavário pela unidade da Igreja’, hoje com outra denominação, começou a ser celebrado em 1908, por iniciativa do norte-americano Paul Wattson, presbítero anglicano que mais tarde se converteu ao catolicismo.
O ecumenismo é o conjunto de iniciativas e atividades tendentes a favorecer o regresso à unidade dos cristãos, quebrada no passado por cismas e ruturas.
As principais divisões entre as Igrejas cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia (Igreja copta, do Egito, entre outras); no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente (Igrejas Ortodoxas); no século XVI, com a Reforma Protestante e, posteriormente, a separação da Igreja de Inglaterra (Anglicana).
CB/OC