Ecumenismo: Semana de Oração ajuda a desenvolver um esforço «nevrálgico» que é «pouco percebido» em Portugal

Unidade entre cristãos deverá passar cada vez mais por este tipo de iniciativas, sublinha o teólogo e professor José Eduardo Borges de Pinho

Lisboa, 25 jan 2012 (Ecclesia) – O professor José Eduardo Borges de Pinho defende que a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que hoje termina, “é uma das iniciativas mais significativas” para o desenvolvimento do ecumenismo no meio das Igrejas.

Em entrevista ao Programa ECCLESIA, da RTP2, este teólogo e investigador da Universidade Católica Portuguesa recorda que o diálogo entre cristãos das diversas comunidades é “algo de nevrálgico” mas ainda “pouco percebido”, tendo em conta a “realidade concreta” da sociedade portuguesa.

“Portanto, a primeira coisa a fazer é dispormo-nos a acolher os dons e as questões que Deus nos coloca e, nesse sentido, a oração comum é fundamental e tem também o significado simbólico de comunhão”, realça.

Em várias partes do país decorreram iniciativas de oração, debate e convívio entre comunidades católicas, ortodoxas, anglicanas, entre outras, baseadas no lema ‘Todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor Jesus Cristo’, retirado da carta bíblica de São Paulo aos Coríntios.

Para José Eduardo Borges de Pinho, o futuro do ecumenismo deverá passar cada vez mais por estes “encontros quotidianos, pelas famílias interconfessionais, por aquilo que as comunidades locais efetuam, por gestos simbólicos” de perdão e entendimento.

[[v,d,2844,]]“Devemos relativizar um pouco o significado que o diálogo teológico ocupa. Ele é fundamental, porque está em causa a verdade e a configuração autêntica da Igreja de Jesus Cristo, mas o ecumenismo caminha por diversas estradas”, aponta.

A afirmação cada vez mais concreta, no mundo cristão, “de Igrejas chamadas pentecostais, carismáticas”, representa um desafio acrescido na “busca de uma unidade necessária e suficiente da Igreja de Jesus Cristo”.

Outro desafio diz respeito à forma como a proposta ecuménica é encarada pelos responsáveis das diversas Igrejas.

“Aqui em Portugal, o problema ecuménico tem dificuldade em ser compreendido, por muita gente com responsabilidade”, adianta o investigador, apresentando como fatores de rutura a existência “muitas vezes” de “um catolicismo fechado sobre si mesmo”.

Borges de Pinho apresentou recentemente a obra ‘Ecumenismo: Situações e perspetivas’, onde aborda uma temática que engloba atualmente cerca de um terço da população mundial, estimada em mais de sete mil milhões de pessoas.

De acordo com os dados disponibilizados pelo autor, a comunidade católica integra hoje perto de 1200 milhões de fiéis; a segunda Igreja mais representativa, a ortodoxa, atinge os 250 milhões.

As principais divisões entre as Igrejas cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia (Igreja copta, do Egito, entre outras); no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente (Igrejas ortodoxas); no século XVI, com a Reforma Protestante e, posteriormente, a separação da Igreja de Inglaterra.

Luteranos (75 milhões), calvinistas/presbiterianos (80 milhões) e anglicanos (77 milhões) são as principais comunidades das chamadas ‘Igrejas tradicionais’ provenientes da Reforma, a que se juntam 60 milhões que se encontram ligadas ao metodismo.

A Aliança Evangélica Mundial, que agrupa igrejas “independentes” e de cariz pentecostal representa cerca de 420 milhões de fiéis, segundo o professor de teologia na UCP.

PTE/JCP/OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top