Ecumenismo: Papa Francisco anseia «plena comunhão entre cristãos» em carta enviada a Bartolomeu

Missiva lembra «frutos do caminho de diálogo» e afirma necessidade de «testemunho» em mundo «atormentado pela guerra e pela violência»

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 30 nov 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco escreveu hoje uma mensagem ao Patriarca Ecuménico Bartolomeu, arcebispo de Constantinopla, onde enaltece os “frutos” do caminho de diálogo entre Igrejas, e anseia a “plena comunhão entre os cristãos”.

“A Unitatis Redintegratio, documento que assinala a entrada oficial da Igreja Católica no movimento ecuménico, propõe como objetivo último do diálogo, a plena comunhão entre todos os cristãos, partilhando o único cálice eucarístico, ainda não se realizou nem sequer com os nossos irmãos e irmãs ortodoxos. Católicos e ortodoxos não devem deixar de rezar e de trabalhar em conjunto para se disporem a aceitar o dom divino da unidade”, escreve Francisco na missiva tornada pública pela Sala de imprensa da Santa sé.

“O objetivo de restabelecer a plena comunhão tem uma inegável dimensão escatológica, na medida em que o caminho para a unidade coincide com o da salvação já dada em Jesus Cristo, da qual a Igreja só participará plenamente no fim dos tempos. Isto não quer dizer que se deva perder de vista o objetivo último pelo qual todos ansiamos, nem que se possa perder a esperança de que esta unidade possa ser alcançada no decurso da história e dentro de um prazo razoável”, acrescentou.

A mensagem, foi enviada no âmbito da comemoração litúrgica do Apóstolo André, padroeiro do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, agradece ainda a participação na Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, do Metropolita Job da Pisídia, delegado do Patriarca Ecuménico de Constantinopla, bem como de “representantes de outras Igrejas”, cujo trabalho, afirma, “enriqueceram todos”, numa clima “de diálogo autêntico e franco”.

“Num mundo dilacerado por oposições e polarizações, os participantes na Assembleia, apesar de virem de meios muito diferentes, souberam ouvir-se mutuamente sem julgar nem condenar. Escutar sem condenar deveria ser também a forma como os católicos e os ortodoxos continuam o seu caminho em direção à unidade”, sublinhou.

Francisco assinalou o quanto o diálogo com a Igreja ortodoxa “continua a ser particularmente frutuoso”: “O primeiro dos frutos obtidos é certamente a fraternidade renovada que hoje vivemos com particular intensidade”.

A carta lembra ainda “o iminente 1700º aniversário do Primeiro Concílio Ecuménico de Niceia”, oportunidade para “dar testemunho da crescente comunhão que já existe entre todos os que são batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.

“Já expressei várias vezes o meu desejo de poder celebrar este acontecimento juntamente convosco e agradeço sinceramente a todos aqueles que já começaram a trabalhar para que isso seja possível”, indicou.

“A recordação deste importante acontecimento reforçará certamente os laços já existentes e encorajará todas as Igrejas a um renovado testemunho no mundo de hoje. A fraternidade vivida e o testemunho dado pelos cristãos serão também uma mensagem para o nosso mundo atormentado pela guerra e pela violência. A este propósito, uno-me de bom grado à vossa oração para que haja paz na Ucrânia, na Palestina, em Israel e no Líbano, e em todas as regiões onde se trava aquilo a que muitas vezes chamei uma ‘guerra mundial fragmentária’”, finalizou.

LS

 

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Agência ECCLESIA

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