Francisco pediu às Igrejas Cristãs oração pela unidade e que continuem «a rezar pelo fim das guerras»
Roma, 25 jan 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse, esta quinta-feira, numa celebração com responsáveis e representantes de diferentes Igrejas Cristãs que “rezar pela unidade é o primeiro dever do caminho”, pedindo que perguntem “Que hei de fazer, Senhor?”, como São Paulo.
“’Ergue-te’, diz Jesus a cada um de nós e à nossa busca de unidade. Ergamo-nos então, em nome de Cristo, dos nossos cansaços e das nossas rotinas, e prossigamos, avancemos, porque Ele o quer, e quere-o para que «o mundo creia» (Jo 17, 21). Rezemos, pois, e sigamos em frente, porque é isto que Deus deseja de nós”, disse Francisco, na homilia proferida na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, e enviada à Agência ECCLESIA.
O Papa explicou que “todos os esforços” com vista à plena unidade são chamados a seguir o mesmo percurso de Paulo, “a pôr de lado a centralidade das nossas ideias para procurar a voz do Senhor”, e deixar-Lhe iniciativa e espaço.
“Bem o compreendera um outro Paulo, grande pioneiro do movimento ecuménico, o Abade Paulo Couturier, que na oração costumava implorar a unidade dos crentes «como Cristo a quer», «com os meios que Ele quer». Precisamos desta conversão de perspetiva e sobretudo de coração, pois, como afirmou o Concílio Vaticano II há sessenta anos, «não há verdadeiro ecumenismo sem conversão interior» (Decr. Unitatis redintegratio, 7)”, desenvolveu.
Francisco pediu que enquanto rezam juntos, reconheçam – “cada um partindo de si mesmo” – que precisam de se converter, “de permitir que o Senhor mude os corações” porque essa é a estrada: “caminhar juntos e servir juntos, colocando a oração em primeiro lugar”.
O Papa presidiu, esta quinta-feira, 25 de janeiro, à celebração das segundas Vésperas da Solenidade da Conversão de São Paulo Apóstolo, no encerramento da Semana de Oração por Unidade dos Cristãos, com responsáveis e representantes de outras Igrejas Cristãs e comunidades eclesiais presentes em Roma.
A partir da leitura do Evangelho de São Lucas, do diálogo entre Jesus e o doutor da Lei, onde é apresentada a Parábola do Bom Samaritano, o Papa afirmou que não se deve perguntar ‘quem é o meu próximo?’, mas ‘eu…faço-me próximo?’ e perguntou se cada cristão, se a sua comunidade, a sua Igreja, na sua espiritualidade, fazem-se próximos.
“Ou ficamos entrincheirados na defesa dos próprios interesses, ciosos da própria autonomia, fechados no cálculo das próprias vantagens, estabelecendo relações com os outros apenas para daí ganhar qualquer coisa? Se assim fosse, não se trataria apenas de erros estratégicos, mas de infidelidade ao Evangelho”, realçou.
Nesta celebração, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros com 1500 pessoas, o Papa Francisco e o arcebispo de Cantuária, líder espiritual da Comunhão Anglicana e primaz da Igreja de Inglaterra, Justin Welby, enviaram aos pares 50 bispos católicos e anglicanos, de 27 países, da Comissão Internacional Anglicana-Católica Romana para a Unidade e a Missão.
“É belo poder hoje, com o meu irmão arcebispo Justin Welby, conferir a estes pares de bispos o mandato de continuar a testemunhar a unidade querida por Deus para a sua Igreja nas respetivas regiões, avançando juntos”, disse o Papa na homilia.
“Amarás o Senhor teu Deus… e ao teu próximo como a ti mesmo”, do Evangelho de São Lucas (Lc 10, 27), é o tema do Oitavário de Oração 2024; os materiais para esta semana foram preparados por uma equipa ecuménica no Burquina Faso.
“Oxalá o amor ao próximo tome o lugar da violência que aflige o seu país”, desejou Francisco.
O Papa, concluiu a reflexão, reafirmando que “rezar pela unidade é o primeiro dever do caminho” e pediu que continuem “a rezar ainda pelo fim das guerras, especialmente na Ucrânia e na Terra Santa”.
CB