Católicos e ortodoxos procuram ultrapassar divergências de calendário litúrgico
Roma, 12 jun 2015 (Ecclesia) – O Papa disse hoje em Roma que a solução para a celebração conjunta da Páscoa entre católicos e ortodoxos deve passar pela proposta de uma data fixa, deixando de lado a atual tradição.
“Temos de pôr-nos de acordo e a Igreja Católica está disposta, desde o Beato Paulo VI (Papa entre 1963 e 1978) a fixar uma data e renunciar ao primeiro solstício após a lua cheia de março”, explicou, num encontro com mais de mil padres que decorreu na Basílica de São João de Latrão.
A Páscoa é a primeira festa cristã em importância e antiguidade, dado que já no Concílio de Niceia, no ano 325, há prescrições sobre a data da celebração: primeiro domingo depois da lua cheia que se segue ao equinócio da primavera (de 22 de março a 25 de abril).
Estas datas têm como referência, na maior parte dos países, o chamado ‘calendário gregoriano’, introduzido em 1582 pelo Papa Gregório XIII.
As Igrejas de rito Bizantino, contudo, seguem até hoje o ‘calendário juliano’, calendário solar criado em 45 a.C. pelo imperador romano Júlio César.
Segundo Francisco, este é um problema que “todos querem resolver”, deixando de lado a hipótese de usar como referência a data da páscoa judaica, o 14 de nissan.
O Papa elogiou o papel do patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu I, na busca de uma Páscoa comum no seio da ortodoxia, e considerou um “escândalo” que a ressurreição de Jesus se celebre em datas diferentes nas várias comunidades cristãs.
“A solução mais definitiva vai ter de ser uma data fixa, imaginemos o segundo domingo de abril”, acrescentou.
Francisco sublinhou o empenho comum na defesa dos “valores cristãos fundamentais” e sugeriu aos padres a leitura de alguns teólogos ortodoxos para entender a “riqueza” desta tradição.
A próxima encíclica do Papa vai ser apresentada esta quinta-feira por um católico e um ortodoxo e o texto inclui dois números dedicados a Bartolomeu I, como “grande defensor da criação”.
OC