Ecumenismo na ação social e espiritualide

«Talvez devêssemos mais caminhar; estamos na mesma estrada, mas relativamente calmos, relativamente parados»

Lisboa, 18 jan 2013 (Ecclesia) – As comunidades e tradições cristãs são chamadas a convergir no apoio às pessoas mais desfavorecidas, não obstante as divergências que impedem a unidade entre católicos, protestantes e ortodoxos, considera o teólogo João Duque.

“O desafio que é colocado aos cristãos é dar um contributo à transformação dessa sociedade. Acontece que, evidentemente, estando as Igrejas divididas ou pelo menos diferenciadas, é-lhes exigido que consigam trabalhar em conjunto”, frisa o investigador católico em declarações publicadas na mais recente edição do Semanário ECCLESIA.

Na entrevista conjunta com o programa de rádio da Renascença ‘Ser Igreja’, o presidente do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa lembra que o “cristianismo tem uma grande componente de intervenção crítico-social na dor, ou seja, naquilo que implica a cruz e a dor no serviço à justiça”.

“Vivendo nós, apesar da crise, num contexto felicíssimo em Portugal, há outros recantos do mundo em que não é tanto assim e até no nosso próprio contexto há um exterior à felicidade que pode ser falso”, afirma.

O membro do grupo de trabalho constituído na Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização para acompanhar a questão ecuménica gostaria de ver outro dinamismo no relacionamento entre as Igrejas: “Talvez devêssemos mais caminhar; estamos na mesma estrada, mas relativamente calmos, relativamente parados”.

“A preocupação profunda com a justiça, sobretudo em fases nas quais esta corre riscos mais sérios”, como acontece atualmente em Portugal, pode ser uma área de atuação privilegiada para as comunidades cristãs, aponta.

“Não é, contudo, uma aplicação de justiça distributiva, simplesmente, mas de modo misericordioso. É uma justiça do acompanhamento do outro, naquilo que lhe deve ser dado, o que é uma característica mais especificamente cristã”, explica.

O responsável vinca que é também necessário manifestar uma atitude de “humildade”: “Não temos pretensões de poder, de dominar a sociedade, nem a Igreja como instituição nem cada cristão”.

João Duque recorda que o ecumenismo, conjunto de iniciativas tendentes a favorecer o regresso à unidade dos cristãos, quebrada no passado por cismas e ruturas, “surgiu orientado em contexto de missão para uma tarefa, para o exterior, em que é necessário dar um contributo em conjunto”.

O docente assinala que, “em geral”, as relações entre as tradições cristãs em Portugal “são boas” e destaca a ação do Fórum Ecuménico Jovem, salientando que, a nível nacional, a juventude é “uma esperança” para a unidade das Igrejas.

“O ecumenismo tem vindo a trabalhar a um nível de cúpulas e estive envolvido nisso durante muito tempo, mas também de forma muito limitada. O envolvimento das comunidades cristãs é que é importante”, refere, acrescentando que elas são convidadas “à convivência pacífica das diferenças”.

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que começa hoje, conclui-se na próxima sexta-feira com uma celebração ecuménica na igreja de São José, em Coimbra, com a participação de bispos católicos e responsáveis de outras comunidades cristãs, culminando iniciativas que vão decorrer em várias dioceses portuguesas.

A partir deste domingo o programa ECCLESIA na Antena 1 é dedicado ao ecumenismo.

PRE/RJM

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