Ecumenismo: Leão XIV recebeu participantes de uma peregrinação dos EUA a Roma e Constantinopla

«Espero que a vossa peregrinação vos confirme a todos na esperança que nasce da nossa fé no Senhor», disse o Papa

Foto: Vatican Media

Roma, 17 jul 2025 (Ecclesia) – Leão XIV disse a peregrinos ortodoxos gregos, católicos bizantinos e católicos latinos dos Estados Unidos da América que são chamados a ser “testemunhas e portadores da esperança”, numa audiência realizada hoje, em Castel Gandolfo, na residência de férias.

“Vocês partiram dos Estados Unidos, que, como sabem, é também o meu país natal, e esta viagem tem como propósito um retorno às raízes, às fontes, aos lugares e aos memoriais dos apóstolos Pedro e Paulo, em Roma, e do apóstolo André, em Constantinopla”, disse o Papa, no discurso divulgado pela sala de imprensa da Santa Sé.

Leão XIV pediu aos peregrinos ortodoxos gregos, católicos bizantinos e católicos latinos que levassem “saudações e um abraço de paz” ao patriarca ecuménico Bartolomeu I (Igreja Ortodoxa), em Constantinopla, que espera voltar a encontrar, em “alguns meses, para participar na comemoração ecuménica do aniversário do Concílio de Niceia”.

“Roma, Constantinopla e todas as outras Sés não são chamadas a disputar a primazia, sob pena de nos tornarmos como os discípulos que, ao longo do caminho, enquanto Jesus anunciava a sua paixão iminente, discutiam sobre qual deles era o maior”, explicou.

Segundo o Papa, esta peregrinação ecuménica a Roma (Itália) e a Constantinopla (Turquia) é também um modo de “experimentar de novo e de forma concreta a fé que nasce da escuta do Evangelho, da audição do Evangelho”, que foi transmitido pelos Apóstolos, e também “é significativo” que se realize neste ano dos 1700 anos do Concílio de Niceia, onde para além do Credo, fixaram a data da Páscoa.

“O Símbolo da fé adotado pelos Padres reunidos permanece – juntamente com os acréscimos feitos no Concílio de Constantinopla em 381 – património comum de todos os cristãos, para muitos dos quais o Credo faz parte integrante das suas celebrações litúrgicas. Também este ano, por uma coincidência providencial, os dois calendários em uso nas nossas Igrejas coincidem, de modo que pudemos entoar em uníssono o Aleluia pascal: ‘Cristo ressuscitou! Ressuscitou verdadeiramente!’”, desenvolveu.

Leão XIV acrescentou que estas palavras “proclamam que as trevas do pecado e da morte foram vencidas pelo Cordeiro que foi morto, Jesus Cristo”, e salientou que inspira-os a “uma grande esperança, porque nenhum grito das vítimas inocentes da violência, nenhum lamento das mães que choram os seus filhos ficará sem ser ouvido”.

“Espero que a vossa peregrinação vos confirme a todos na esperança que nasce da nossa fé no Senhor ressuscitado!”, acrescentou, tendo lembrando que a Igreja Católica está a celebrar um Ano Jubilar, com o lema ‘Peregrinantes in Spe’ (peregrinos da esperança), escolhido pelo Papa Francisco, e dirigindo-se ao metropolita Elpidophoros (greco-ortodoxo) disse que o seu nome diz que é “portador de esperança”.

Aos peregrinos ortodoxos gregos, católicos bizantinos e católicos latinos dos EUA, Leão XIV observou ainda que a sua viagem “é um dos frutos abundantes do movimento ecuménico”, que pretende restabelecer a “plena unidade entre todos os discípulos de Cristo”, segundo a oração de Jesus na Última Ceia, quando disse: “que todos sejam um” (Jo 17,21).

“Que o nosso regresso às raízes da nossa fé nos faça experimentar a todos o dom da consolação de Deus e nos torne capazes, como o Bom Samaritano, de derramar o óleo da consolação e o vinho da alegria sobre a humanidade de hoje.”

Leão XIV, que está a viver um período de férias, e começou a audiência aos peregrinos dos EUA a desculpar-se pelo “pequeno atraso”, por causa das “várias reuniões marcadas para esta manhã”: “Estou muito feliz por ter este momento para passar com vocês neste lugar maravilhoso, Castel Gandolfo”.

As principais divisões entre as Igrejas cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia (Igreja copta, do Egito, entre outras); no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente (Igrejas Ortodoxas); no século XVI, com a Reforma Protestante e, posteriormente, a separação da Igreja de Inglaterra (Anglicana).

CB/OC

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