Celebração nacional decorreu na Paróquia Lusitana de São João Evangelista, em Vila Nova de Gaia, e assinalou o início da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Gaia, 18 jan 2025 (Ecclesia) – As Igrejas cristãs que participam no movimento ecuménico, em Portugal, assinalaram em conjunto o início do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos numa celebração que afirmou a “opção pela paz”.
“Ao celebrarmos a fé em Jesus Cristo, celebramos uma opção pela paz, pela reconciliação, pela compreensão e pelo diálogo que, percebemos hoje mais do que nunca, são modos de estar, vivências e valores cada vez mais necessários no nosso mundo”, disse à Agência ECCLESIA o bispo D. Jorge Pina Cabral.
Para o responsável pela Igreja Lusitana, de Comunhão Anglicana, em Portugal, é “muito importante hoje as religiões estarem unidas, é muito importante o diálogo, é muito importante a cooperação para dizer que as guerras que são feitas em nome das religiões não são verdadeiras”.
“Não é a religião ou as incompatibilidades entre religiosos que provocam as guerras, mas uma sede de poder, de política, de autoridade”, afirmou.
“As religiões hoje estão unidas na promoção da paz”, sublinhou.
Entre este sábado, 18 de janeiro, e o dia 25, assinala-se a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, este ano centrada no tema “Crês nisso?”, lembrando também os 1700º aniversário do primeiro Concílio Ecuménico, realizado em Niceia.
Para este ano de 2025, as orações e reflexões para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos foram preparadas pelos irmãos e irmãs da comunidade monástica de Bose, no Norte da Itália, e a celebração ecuménica nacional de abertura do oitavário decorreu na tarde deste sábado, na Paróquia Lusitana de São João Evangelista, em Vila Nova de Gaia.
A celebração ecuménica nacional, presidida por D. Jorge Pina Cabral, contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Gaia e de representantes das várias igrejas cristãs, nomeadamente D. Roberto Mariz, bispo auxiliar do Porto, e D. Manuel Felício, administrador apostólico da Diocese da Guarda e que acompanha na Conferência Episcopal Portuguesa o tema do ecumenismo.
Em declarações à Agência ECCLESIA, D. Roberto Mariz disse que o início da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos situa-se num “patamar de esperança” e espera “passos claros, concretos” rumo à unidade, na pluralidade da “vivência cristã” e na “mesma fé em Jesus e no mesmo Evangelho”.
“Assim nos possamos apresentar no mundo: na nossa pluralidade, numa verdadeira unidade, a partir do Espírito. E nessa unidade, possamos ser um sinal profético num mundo dilacerado por guerras e conflitos”, disse o bispo auxiliar do Porto.
D. Roberto Mariz referiu que o encontro entre religiões cristãs desafia a sociedade à “unidade, na tolerância das suas diferenças” e valorizou o diálogo ecuménico como oportunidade de “fazer pontes”.
“O diálogo ecuménico tem uma importância essencial: permite sentarmo-nos à mesma mesa, olharmo-nos no rosto, sentirmos as palavras que ecoam o nosso coração, os pensamentos que cruzamos em torno do nosso credo, da nossa crença e das vivências da fé, no concreto de cada religião. Que possamos, nesse diálogo, fazer pontes no respeito de uns pelos outros e caminhando irmãmente”, disse o bispo auxiliar do Porto.
Na reflexão que partilhou na celebração, D. Roberto Rosmarinho Mariz recordou os 1700 anos do I Concílio Ecuménico de Niceia, que ocorreu no “início da liberdade de culto no império romano, num esforço por encontrar os termos e conceitos centrais da fé cristã, ultrapassando as divisões e conflitos”. “Um caminho percorrido em conjunto, sinodalmente, para se encontrar os termos convergentes em torno da fé que brota do mesmo Evangelho. Conseguiram. E hoje? Podemos conseguir hoje. Devemos conseguir”, afirmou. O bispo auxiliar do Porto disse que a “fé é a âncora, a motivação e a razão” para que crentes de várias confissões estejam “reunidos e unidos em Oração pela unidade de todos cristãos”. “É importante deixar ideias pessoais, preconceitos e elementos acessórios para nos centrarmos no essencial, naquilo que nos une”, indicou D. Roberto Mariz. |
O tema da Semana – «Crês nisso?» (v. 26)» – é inspirado no diálogo entre Jesus e Marta, quando Jesus visitou a casa de Marta e Maria em Betânia, após a morte de seu irmão Lázaro, conforme narra o evangelista João.
O ‘oitavário pela unidade da Igreja’, hoje com outra denominação, começou a ser celebrado em 1908, por iniciativa do norte-americano Paul Wattson, presbítero anglicano que mais tarde se converteu ao catolicismo.
As principais divisões entre as Igrejas cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia (Igreja copta, do Egito, entre outras); no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente (Igrejas Ortodoxas); no século XVI, com a Reforma Protestante e, posteriormente, a separação da Igreja de Inglaterra (Anglicana).
LJ/PR