Rede Cuidar da Casa Comum associa-se a Vigília ecuménica com realização de celebração no Seminário de Leiria
Lisboa, 29 set 2023 (Ecclesia) – João Luís Fontes, do Movimento ecuménico, disse que a vigília que no sábado vai juntar os líderes das confissões cristãs é um sinal “eloquente” do Papa Francisco que quer envolver “todos” e que a divisão “é um contratestemunho”.
“Não podemos ser credíveis se dentro da própria família vivemos divididos e de costas voltas. A divisão deixa de ser admissível nos tempos que correm, face a uma sociedade que cada vez mais põe em causa o religioso e o falar de Deus, esquecendo alguém que tem um projeto de felicidade e que funda a dignidade da pessoa humana”, explica o responsável, envolvido na organização, em simultâneo, de uma vigília ecuménica, em Leiria.
João Luís Fontes indica que o convite para a oração conjunta se trata de um “sinal muito concreto” e “eloquente” de que o ecumenismo é um caminho a “fazer com todos”.
“Não é só com quem está dentro da casa habitual, mas com todos aqueles que estão neste espaço eclesial e acreditam em Cristo. É um sinal muito forte de que o Papa quer que este caminho seja feito nesta atenção à diversidade de sensibilidades e acolhendo os dons, reflexões e experiências feitas em outros quadrantes cristãos”, sublinha.
O Vaticano vai receber na tarde de sábado, dia 30, uma vigília ecuménica de oração, pela 16ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, que tem início no dia 4 de outubro, reunindo responsáveis de várias Igrejas e cerca de três mil jovens.
A oração comunitária, marcada para as 17h, inclui momentos de escuta da Palavra de Deus, louvor e intercessão, cânticos de Taizé e silêncio, num “forte sinal de fraternidade, unidade e paz”, que será presidida pelo Papa Francisco, na presença do patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu, do arcebispo de Cantuária (Igreja Anglicana), Justin Welby, e de outros responsáveis de Igrejas e comunidades cristãs.
A cerimónia assume como ponto central a “celebração de gratidão em torno de quatro dons: gratidão pelo dom da unidade e pelo caminho sinodal, pelo dom do outro, pelo dom da paz e pelo dom da Criação”.
João Luís Fontes reconhece que a “credibilidade do anúncio” passa pela forma como os cristãos lidam com as “pessoas mais pobres, marginalizados, aqueles em que o Papa insiste serem descartados e postos à margem”.
“A forma como se acolhe o outro que é diferente, que bate à porta em circunstâncias complexas – a nossa capacidade de escutar, ajudar a reconstruir e sarar quem vem ferido e precisa de ajuda. Se não formos capazes de dar o testemunho sério e de acolhimento e humanidade é o testemunho cristão que está em causa”, traduz.
O encontro nacional «Também Somos Terra», marcado para o dia 30, no Seminário de Leiria, organizado pela Rede Cuidar da Casa Comum, vai associar-se à Vigília, no Vaticano.
“Foi uma feliz coincidência o encontro acontecer na mesma data do encontro no Vaticano, e quisemos construir esta celebração em sintonia com o que é proposto em Roma e como forma de assinalar a comunhão e a partilha – o desejo subjacente ao convite do Papa Francisco”, explica o responsável.
O responsável enquadra a realização da Vigília de oração num tempo assumido pela Igreja católica – o Tempo da Criação – como um tempo ecuménico de oração e compromisso em favor do cuidado da Casa comum e “da escuta do grito da terra e dos pobres”, tratando-se de um percurso que, assume, “só faz sentido com os outros e todos juntos”.
“O ecumenismo deve preocupar-nos a todos. A divisão é um contratestemunho. Mais do que ficarmos presos a circunstâncias que no passado foram resultado de uma dificuldade de escuta mútua – hoje reconhecemos, ao fim de muito diálogo, que estávamos a falar da mesma coisa mas fazendo acentuações diferentes. A grande questão é a verdade e a pertinência do testemunho cristão para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna”, indica.
A celebração ecuménica, organizada pela Rede Cuidar da Casa Comum, pode ser acompanhada online através da página da Internet da Rede.
A entrevista a João Luís Fontes pode ser acompanhada no programa ECCLESIA na Antena 1, sábado às 06h00.
LS
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