Ecumenismo: Encontro Cristão de Sintra reuniu 67 comunidades de diferentes Igrejas, desafiadas pelo amor e pela paz

«Que este encontro seja a pensar, sobretudo, na construção da paz que começa em cada um de nós» – Marcelo Rebelo de Sousa

Sintra, 28 jan 2024 (Ecclesia) – O 14.º Encontro Cristão de Sintra, no Patriarcado de Lisboa, reuniu responsáveis e representantes de 67 comunidades de diferentes Igrejas, de diversas regiões de Portugal, mobilizados pelo tema ‘Decidir Amar’, este sábado, no Centro Cultural Olga Cadaval.

“Que este encontro deste ano seja a pensar, sem dúvida, naquilo que foi há quatro anos, e há três anos da pandemia, mas sobretudo a pensar numa guerra e na construção da paz que começa em cada um de nós: não há paz coletiva se não houver paz na alma, no coração de cada pessoa”, disse o presidente da República Portuguesa, que se associou mais uma vez ao encontro.

Na mensagem em vídeo, enviada ao 14.º Encontro Cristão de Sintra, Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que “não podem ser os políticos, os responsáveis, os militares, os diplomatas a construírem a paz” se a paz não existir em cada um.

“É essa paz que está certamente presente no vosso espírito, neste encontro ecuménico no começo de 2024 para nos dar muita força a nós em Portugal, na Europa, no mundo, com o objetivo de construirmos a paz”, concluiu o presidente da República Portuguesa.

Marcelo Rebelo de Sousa, que manifestou a intenção de participar na próxima edição deste encontro, lembrou os “tempos difíceis” que se viveram nos últimos anos, com a pandemia e a ausência de “saúde universal”, e a guerra que “não terminou”, que é ausência de “diálogo, compreensão, tolerância, entendimento”.

‘Decidir Amar’ foi o tema deste XIV Encontro Cristão de Sintra, inspirado no lema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2024 – ‘Amarás o Senhor teu Deus…e o próximo como a ti mesmo’ (Lucas 10:27) – que no hemisfério norte se realizou de 18 a 25 de janeiro.

“’Decidir Amar’ é Jesus, nós não decidimos nada, recebemos esse mandamento ‘amai-vos uns aos outros, Deus é amor’, e portanto somos todos chamados a expressar esse amor que depois se traduz de muitas maneiras”, salientou o bispo Jorge Pina Cabral, Igreja Lusitana (Comunhão Anglicana), à Agência ECCLESIA.

Já o presidente da Aliança Evangélica Portuguesa, o tema deste encontro de 2024 “é um desafio muito grande”, num mundo naturalmente em que sobressai, “embora todos os dias haja atos de caridade, de compaixão, as guerras, conflitos, dissensões”.

“Por isso, acho importante que os cristãos marquem a diferença e sejam promotores da paz, da conciliação”, realçou Timóteo Cavaco, em declarações à Agência ECCLESIA.

Este encontro ecuménico realiza-se desde 2010, a Plataforma Encontro Cristão nasceu quando, por relações familiares, católicos e evangélicos “estreitaram relacionamentos e descobriram reciprocamente a autenticidade do seu cristianismo”.

O diretor do Departamento de Relações Ecuménicas e Diálogo Inter-religioso do Patriarcado de Lisboa afirmou que mostra que “a ação do Espírito passando pelo amor entre as pessoas acaba por ter uma eficácia para vencer barreiras” que se constroem entre pessoas que têm “o mesmo batismo e a mesma fé em Jesus Cristo”.

“As iniciativas por aquilo que se encontra aqui mostra que é preciso uma combinação de fatores, é preciso alguma militância de pessoas que acham que isto é um aspeto importante da missão da Igreja ser capaz de mostrar uma face unida, ao encarar o mundo que por vezes funciona como se o Evangelho não estivesse presente”, acrescentou o padre Peter Stilwell, à Agência ECCLESIA.

O sacerdote do Patriarcado de Lisboa destacou a importância das estruturas locais destas comunidades para a realização do encontro, nomeadamente católica e evangélica, e, depois, as pessoas começarem a conhecer-se umas às outras: “E perceberem que encontrarmo-nos periodicamente não significa perdermos a nossa identidade, antes pelo contrário, vamos percebendo melhor aquilo que são as nossas riquezas, talentos, e aquilo em que podemos complementar o trabalho dos outros”.

O bispo Jorge Pina Cabral, da Igreja Lusitana (Comunhão Anglicana), destacou a particularidade deste Encontro Cristão de Sinta reunir uma diversidade de Igrejas, de confissões e também de organismos de vários quadrantes e sensibilidades, que “só por isso é uma riqueza muito grande”, este ano foram 67.

“E depois tem esta particularidade de descer sempre ao concreto da vida, ou seja, este ano é o tema da caridade, sustentado na parábola do ‘Bom Samaritano’, procurou sempre formas muito concretas e práticas de implicar os cristãos no quotidiano testemunhar a sua fé, e penso que isso é uma riqueza muito grande destes encontros dado que procuram, depois ao longo do ano continuar a congregar os cristãos”, desenvolveu.

“Revela o que se pode chamar um encontro das bases, fora um pouco das instituições, embora haja aqui instituições naturalmente representadas, mas representa esse encontro em torno de valores comuns, de ideias comuns, e fundamentalmente em torno da Palavra de Deus que é esse fator de comunhão entre diferentes cristãos”, acrescentou Timóteo Cavaco.

Neste contexto, o presidente da Aliança Evangélica, “sem desvalorizar” as relações institucionais entre as diferentes confissões, lembrou o Grupo de Trabalho para o Diálogo Inter-religioso (GTDIR) e os encontros regulares entre a Aliança Evangélica Portuguesa, o Conselho Português de Igrejas Cristãs (COPIC) e a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), “desde há muitos anos”.

Antes do 14.º encontro ecuménico, com espetáculo, mensagens, bênção e louvor, no Centro Cultural Olga Cadaval, os jovens realizaram uma caminhada, inquietando “corações ao convidar para «Decidir Amar» – a melhor escolha para a vida!”, pela vila de Sintra, a partir da igreja de São Miguel.

O Encontro Cristão de Sintra (página no Facebook) proporcionou aos líderes, equipas de liderança e famílias das várias confissões religiosas um momento de convívio para apresentação recíproca e “fermento” do evento, antes do jantar com os jovens das diferentes Igrejas Cristãs.

CB

 

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Agência ECCLESIA

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