Padre Robson Cruz sobre a semana de oração pela unidade dos cristãos que começa este domingo
Lisboa, 16 jan 2015 (Ecclesia) – O padre biblista Robson Cruz considera o encontro de Cristo com a samaritana, retirado do Evangelho, um exemplo ideal para a vivência da semana de oração pela unidade dos cristãos, que começa este domingo.
Numa interpretação que integra a edição mais recente do Semanário ECCLESIA, o sacerdote dá conta dos símbolos presentes naquele relato, que convidam cada cristão a “buscar caminhos de unidade em vez de cair nas condenações”.
Através de Cristo, de Deus, que é a base da sua fé, e por intermédio da “água”, que é aqui “o grande motor”.
Apesar da distância que, naquela época, separava judeus e samaritanos, Cristo sentou-se junto a um poço para falar com uma mulher samaritana e pediu-lhe de beber.
Para o padre Robson Cruz, aquele pedido “Dá-me de beber”, que dá também título à semana nacional de oração, representa antes de mais a vontade de Deus em “falar com a Humanidade”.
Ainda que a sociedade, sobretudo no Ocidente, muitas vezes mostre-se cética quanto à sua “existência”, Deus “está à procura e quer sentar-se à beira do poço onde cada um vai buscar a sua água”, realça o especialista.
Depois a simbologia do “balde”, que representa aquilo que cada pessoa transporta consigo, no seu íntimo.
“Eu sou católico e parto da tradição que tenho e conheço, esse é o meu balde. Enquanto estiver apenas com o meu balde vão haver sempre equívocos”, aponta o biblista, recordando o que vem relatado no texto.
“A certa altura, a mulher deixa o balde, esquece-o e interessa-se pela fonte” e é isso que cada cristão deve fazer, colocar-se “do lado da água, do Cristo, e aí supera-se os medos e percebe-se quem vem ao nosso encontro”, complementa.
O padre Robson Cruz chama ainda atenção para outro factor que vem descrito na passagem do Evangelho, a grande distância que Jesus percorreu “para se encontrar com esta mulher”.
Trata-se sobretudo de um convite aos cristãos para que tenham a capacidade de “sair do território seguro”, da sua “zona de conforto” para irem ter com “quem está longe”, neste caso com os seus irmãos das outras Igrejas.
Porque se hoje ainda subsiste a tendência para os movimentos religiosos construírem um caminho “seu, diferente dos outros”, a mensagem do Evangelho pede precisamente “o contrário”, conclui o sacerdote.
A semana de oração pela unidade dos cristãos, entre 18 e 25 de janeiro, foi preparada este ano pelo Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil.
A celebração nacional do oitavário está marcada para dia 24 de janeiro às 16h00, na Sé de Setúbal.
JCP