Papa Francisco apela à unidade entre cristãos
Cidade do Vaticano, 22 jan 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje no Vaticano que as divisões entre cristãos são um “escândalo”, apelando à valorização das diferentes tradições e realidades eclesiais.
“As divisões entre nós cristãos são um escândalo, não há outra palavra: um escândalo”, declarou, durante a catequese que apresentou a milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, para a audiência pública semanal.
Francisco centrou a sua intervenção na semana de oração pela unidade dos cristãos, que decorre desde sábado, uma “iniciativa espiritual” que tem como tema, em 2014, a pergunta ‘Estará Cristo dividido?’, inspirada numa passagem da primeira carta de São Paulo aos Coríntios.
“Cristo não foi dividido, certamente, mas temos de reconhecer com dor, sinceramente, que as nossas comunidades continuam a viver divisões que são de escândalo”, afirmou o Papa.
A intervenção apresentou o “Batismo e a Cruz” como elementos centrais do “discipulado cristão” que todos têm em comum.
“As divisões, pelo contrário, enfraquecem a credibilidade e a eficácia do nosso empenho de evangelização e arriscam-se a esvaziar a cruz do seu poder”, advertiu Francisco.
O Papa convidou os católicos a acolher as “graças concedidas por Deus aos outros cristãos”, apesar das divisões que existem entre Igrejas.
“Temos o mesmo Batismo, o mesmo Espírito Santo que nos deu a graça: reconheçamo-lo e alegremo-nos”, sublinhou.
O guião da semana de oração deste ano foi preparado pelo Centro Canadiano para o Ecumenismo e o Centro ‘La Prairie’ para o Ecumenismo.
Francisco destacou que estes responsáveis não “convidaram as comunidades a pensar no que poderiam dar” aos outros cristãos, mas a “encontrar-se para perceber o que podem receber”.
“Isto exige algo mais: exige humildade, reflexão e contínua conversão”, precisou.
As principais divisões entre as Igrejas cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia (Igreja copta, do Egito, entre outras); no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente (Igrejas Ortodoxas); no século XVI, com a Reforma Protestante e, posteriormente, a separação da Igreja de Inglaterra (Anglicana).
A comunidade católica integra hoje aproximadamente 1200 milhões de fiéis; a segunda Igreja mais representativa, a ortodoxa, atinge os 250 milhões.
Luteranos (75 milhões), calvinistas/presbiterianos (80 milhões) e anglicanos (77 milhões) são as principais comunidades das chamadas ‘Igrejas tradicionais’ provenientes da Reforma, a que se juntam 60 milhões que se encontram ligadas ao metodismo.
No final da audiência geral, o Papa saudou os participantes no encontro de coordenadores reginais do Apostolado do Mar, exortando-os a serem “voz dos trabalhadores que vivem longe dos seus entes queridos e enfrentam situações de perigo e dificuldade”.
OC
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