Padre Peter Stilwell e Sara Alves e Calaim abordam experiência do ciclo de diálogos cristãos, em torno do Credo, que assinalaram Jubileu 2025 e 1700 anos de Concílio de Niceia
Lisboa, 23 jun 2025 (Ecclesia) – O diretor do Departamento das Relações Ecuménicas e do Diálogo Inter-religioso do Patriarcado de Lisboa fez um balanço da iniciativa “Crer na Cidade”, constatando que os encontros permitiram aos cristãos partilhar as “diferenças”, que geraram enriquecimento.
“As experiências eram diferentes, mas eram tão diferentes entre católicos como eram diferentes entre católicos e ortodoxos, ou ortodoxos e evangélicos. Portanto, as diferenças não eram diferenças que nos opunham, eram diferenças que nos enriqueciam e que nos ajudavam a ver as coisas de uma forma mais envolvente”, afirmou o padre Peter Stilwell.
O Patriarcado de Lisboa organizou quatro diálogos cristãos, entre abril e maio, na cidade, onde as Igrejas foram convidadas a participar e a olhar para a oração do Credo, assinalando o Ano Jubilar de 2025 e os 1700 anos do Concílio de Niceia, que estiveram em destaque no Programa Ecclesia transmitido hoje na RTP2 (15h).
Segundo o padre Peter Stilwell, o que esteve por trás da realização da iniciativa foi a consciência de que as “sociedades estão a sofrer”, não só pelas guerras no exterior, mas também pelas “tensões” que se vivem no interior do país e das metrópoles.
O responsável católico destacou que o ciclo de quatro diálogos não teve como objetivo juntar as comunidades cristãs para dizer que são todas iguais, mas que nas diferenças servem “públicos diferentes” e com “talentos diferentes”.
E é isso que vale a pena nós termos consciência, que não somos rivais, somos irmãos”, realçou.
Sara Alves e Calaim, do AEP Grupo de Louvor da Casa da Cidade, ligado à Aliança Evangélica, que integrou o elenco dos diálogos, testemunha que a experiência possibilitou o “conhecimento”, isto é, o “estar”, “ouvir”, “conhecer o outro” e a sua perspetiva.
“Quando nós conseguimos fazer este exercício de realmente escutar e aprender a perspetiva do outro, ganhamos muito”, expressou.
Partilhando um fenómeno que acontece na música, apelidado de “vibrar por simpatia”, a entrevistada salienta que tal também aconteceu nos encontros entre tradições cristãs: “Nós encontramos a nossa nota comum, que é Cristo, e vibramos por simpatia. E aprendemos muito com isso”.
Referindo-se ao credo como o “conjunto de verdades”, Sara Alves Calaim evidenciou que “a verdade é intemporal” e que é urgente que este seja falada e praticada, “com ações”.
“Como é que eu pratico isto? É estando disponível para o outro”, realçou, indicando que “a única coisa que as pessoas precisam é de amor”, “é de alguém que as ouça, que as acolha, que as abrace”.
Então acho que o credo traduz-se muito em sermos um eco do coração de Deus. Um eco de Cristo. Sermos as mãos de Jesus hoje. É assim a melhor forma de traduzir o credo”, defendeu.
Depois dos quatro diálogos sobre “Crer na Cidade”, o padre Peter Stilwell explica que o importante agora é criar um ambiente que “criar um ambiente em que as pessoas percebam que são irmãos no mesmo desafio que é servir este mundo”.
HM/LJ/OC
Portugal celebrou este domingo o Dia Nacional da Liberdade Religiosa e do Diálogo Inter-religioso, uma decisão da Assembleia de República de 2019, que remete para a data da publicação da Lei de Liberdade Religiosa, em 2001.
“Num tempo em que o mundo enfrenta desafios crescentes no campo da convivência e da liberdade de expressão, Portugal celebra, neste Dia da Liberdade Religiosa, não apenas a diversidade da fé, mas também o compromisso coletivo com a paz, a dignidade humana e a coesão social”, lê-se na nota do Grupo de Trabalho para o Diálogo Inter-Religioso (GTDIR) a assinalar a data. O GTDIR espera que “este dia inspire todos – crentes e não crentes – a continuar a construir pontes, a dialogar com empatia, e a cultivar uma sociedade onde todos possam crer livremente, viver em paz e contribuir para o bem de todos”. “Ao longo dos anos, este marco legal tem contribuído decisivamente para a construção de um ambiente social pacífico e plural, onde as diversas confissões religiosas coabitam em espírito de diálogo, igualdade e respeito mútuo”, ressalta. Segundo o GTDIR, em Portugal, a liberdade religiosa não é apenas um direito consagrado, mas uma prática viva que promove “o respeito pela diversidade de crenças e expressões de fé” e “uma escuta inclusiva entre as comunidades religiosas e as instituições do Estado”. Além disso, proporciona “a construção de terreno comum e consensos, mesmo em contextos de diferenças doutrinárias” e “a valorização da inclusão e da cooperação inter-religiosa, em prol do bem comum”. |