Celebração entre igrejas cristãs recordou a realização do primeiro concílio ecuménico e os desafios que hoje coloca

Lisboa 15 jun 2025 (Ecclesia) – O Conselho Português das Igrejas Cristãs (COPIC) e a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) promoveram este sábado uma celebração ecuménica nacional para assinalar os 1700 do primeiro Concílio de Niceia, que convoca para uma “Igreja indivisa” e “revigora o compromisso ecuménico”.
“Niceia hoje vale para nós porque definiu aquilo que é essencial, a fé num Deus que é trino, Pai, Filho e Espírito Santo, deixando também espaço para outras vivências da fé, não uniformizando”, afirmou D. Jorge Pina Cabral, bispo da Igreja Anglicana, em declarações à Agência ECCLESIA.
D. Pina Cabral, que preside ao COPIC, recordou que “Niceia era a Igreja indivisa” e foi um “um concílio universal”, constituindo um desafio à unidade “naquilo que é essencial”

“Para nós é como que um sinal e um desafio às várias tradições de sermos capazes, como os bispos foram naquela altura, de nos juntarmos novamente para reafirmar a nossa fé naquilo que é essencial, respeitando a diversidade das tradições”, indicou.
“Niceia revigora o compromisso ecuménico para nós hoje”.
O bispo da Igreja Anglicana lembrou que o encontro entre igrejas cristãs, como o que aconteceu na celebração ecuménica que decorreu na Catedral Lusitana de S. Paulo, este sábado, é um sinal da “reflexão na ação” e de um caminho conjunto “no Espírito Santo”
“Ao celebrarmos o aniversário do primeiro Concílio de Niceia, nós celebramos a mesma fé em Jesus Cristo e esta celebração também nos aproxima, une-nos e compromete-nos. Não poderíamos deixar passar este ano sem nos reunirmos para celebrar este aniversário”, afirmou D. Jorge Pina Cabral.

O bispo da Igreja Lusitana de Comunhão Anglicana presidiu à celebração, onde o patriarca de Lisboa fez uma reflexão sobre a “dimensão ecuménica deste aniversário e seu contributo para a unidade visível dos cristãos”, indica um comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
Na homilia, D. Rui Valério afirmou que a celebração ecuménica que assinala os 1700 anos do Concílio de Niceia é um “momento de alegria e de esperança” e, no ambiente da Catedral Lusitana de S. Paulo, um “cenáculo” é sinal de que a comunidade está a “aderir a um projeto maior, a um projeto de dignidade, a um projeto de paz”.
Para o padre Peter Stilwell, diretor do Departamento das Relações Ecuménicas e do Diálogo Inter-Religioso, no Patriarcado de Lisboa, a celebração ecuménica foi uma ocasião para fortalecer a consciência de que, “apesar das divisões que ao longo dos séculos se foram multiplicando”, os cristãos estão “unidos no essencial” e que o mundo “está realmente carenciado Boa Nova” que testemunham.
“Um mandato que todos nós temos, apesar dos nossos talentos diferentes, é uma capacidade de reconciliação, de perdão, de entendimento, de construção da paz. Juntando os nossos talentos diferentes podemos colaborar nessa resposta ao mundo”, afirmou o padre Peter Stilwell.
No fim da celebração, o bispo da Igreja Anglicana lembrou à Agência ECCLESIA o caminho conjunto entre o Conselho Português das Igrejas Cristãs e a Conferência Episcopal Portuguesa, nomeadamente o “reconhecimento mútuo do batismo, a celebração de uma mesma fé, o compromisso para com a criação, o compromisso para com os migrantes”, lembrando que falta o “passo” para a “mesma mesa eucarística”.
“Falta ainda o abeirarmos a mesma mesa eucarística. E esse é verdadeiramente um passo que as igrejas têm que dar para sermos ainda mais sinal para o mundo”, afirmou.
O Concílio de Niceia teve a missão de preservar a unidade da Igreja, perante correntes teológicas que negavam a plena divindade de Jesus Cristo e a sua igualdade com o Pai, reunindo cerca de 300 bispos, convocados pelo imperador Constantino, a 20 de maio do ano 325.
Os participantes acabaram por definir o ‘Símbolo de fé’, o Credo, que ainda hoje se professa nas celebrações eucarísticas dominicais.
PR