Ecumenismo: África foi o berço do caminho para a unidade dos cristãos

Missionário católico português defende que a globalização se deve estender à religião

Lisboa, 20 Jan (Ecclesia) – A evangelização do continente africano foi o ponto de partida para o ecumenismo, conjunto de iniciativas tendentes a favorecer o regresso à unidade dos cristãos, defende o padre Tony Neves.

“Tudo começou quando os missionários partiram para África com o objectivo de anunciar o Evangelho e lançar as bases de algumas comunidades”, explica o religioso à ECCLESIA.

Do lado dos africanos criou-se uma “perplexidade enorme” porque essas novas comunidades, constituídas por pessoas do mesmo país, evidenciavam a existência de “rivalidades” e até de “algum pequenino ódio de estimação” entre elas.

Segundo o missionário português, a percepção dessa “confusão” conduziu à conferência de Edimburgo (1910), destinada a “avaliar o impacto da missionação” e a “estudar o que é que se podia fazer para que os missionários mostrassem um Cristo uno”, já que “não fazia sentido” apresentá-lo de modo “tão fracturado”.

Em Angola, país que o religioso pertencente à Congregação dos Missionários do Espírito Santo conhece melhor, o ecumenismo tem sido praticado de “forma efectiva” mediante gestos “extremamente simbólicos e profundamente proféticos”.

O padre Tony Neves recorda a acção conjunta das Igrejas durante a guerra civil no tratamento de feridos e nas tentativas de unir os militares das duas facções com vista à obtenção de um cessar-fogo, além de encontros de estudo e oração.

O texto de apoio para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2011, que no hemisfério Norte decorre entre 18 e 25 de Janeiro, é baseado na proposta de um grupo ecuménico de Jerusalém.

“Estamos muito habituados a ver na comunicação social todos os conflitos entre judeus e palestinianos. Mas os problemas de Jerusalém são bem mais graves”, salienta o padre Tony Neves, membro da equipa ecuménica jovem, em Portugal.

A ‘Cidade da Paz’ “não tem sido um espaço de convivência pacífica fácil para os próprios cristãos”, como se constata através da “luta pela posse dos ditos Lugares Santos”, o que leva o religioso a sustentar que a união às Igrejas de Jerusalém durante esta Semana constitui “um apelo enorme à comunhão”.

“Vivemos num mundo que é muito marcado por aquilo que se vai chamando de globalização. Se ela se faz a nível político, económico e cultural, também tem de fazer-se a nível religioso”, acentua o jornalista.

Neste sentido, é preciso “criar mecanismos de aproximação e, sobretudo, de partilha interactiva”: “Se todos derem o que têm de bom, isso vai ajudar a diminuir o que de menos bom também existe”.

Por outro lado, diz o missionário, é “muito importante” que “aqueles que não são Igreja” verifiquem que os cristãos “são intervenientes na sociedade” e tentam fazer da sua vida “um espaço onde se pratica a justiça, a paz e os direitos humanos”, um testemunho que se torna “muito mais eloquente” quando manifestado “de forma ecuménica”.

O sacerdote diz estar convencido que a unidade só será possível se os cristãos forem capazes “de sonhar muito e de dar as mãos para fazer um caminho” que, apesar de “longo e difícil, é possível porque assenta na vontade de Deus”.

Estas declarações podem ser escutadas no programa da Igreja Católica na Antena 1, hoje, excepcionalmente, a partir das 23h15.

O programa, transmitido de Segunda a Sexta-feira, habitualmente a partir das 22h45, e ao Domingo às 06h00 (também disponível na Internet). dedica as emissões destes dias à Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

PRE/RM

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Agência ECCLESIA

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