Testemunho no feminino marca participantes
A Irmã Geneviève Uwamariya, da Congregação das Irmãs de Santa Maria de Namur, no Ruanda, partilhou o seu testemunho de reconciliação com agressores.
A participar no Sínodo dos Bispos africanos como auditora, esta religiosa é uma sobrevivente do genocídio dos Tutsis no Ruanda, em 1994. Grande parte da sua família foi massacrada na igreja paroquial e cada vez que a Irmã Geneviève passava no local sentia “horror, raiva e repugnância”.
Em Agosto de 1997 visitou duas prisões com a congregação das «Damas da Misericórdia divina» que apelavam ao perdão das vítimas para “as libertar da vingança, do ódio e do rancor”. Esta mensagem, recordou aos padres sinodais, “teve um efeito inesperado em mim”.
Na prisão encontrou o homem que tinha morto o seu pai e lhe contou “detalhes sobre a morte de meus familiares”.
A religiosa recordou um sentimento de “piedade e de compaixão que tomou conta de mim” que a aliviou de um grande peso. “Recuperei a paz interior”.
A partir daquele momento a religiosa assumiu a missão de levar a correspondência dos presos que pediam perdão aos seus sobreviventes.
“Entreguei 500 cartas e levava também as respostas dos sobreviventes aos presos, que se transformaram em meus amigos e irmãos”.
Estes gestos de reconciliação conduziram à construção de uma vila para viúvas e os órfãos do genocídio, à construção de um memorial diante da igreja de Kibuye e à criação de várias associações de antigos presos e sobreviventes.
Aos padres sinodais a Irmã Geneviève Uwamariya afirmou que a reconciliação não significa reunir duas pessoas ou dois grupos em conflito.
“As pessoas devem vencer o amor e deixar que a cura interior aconteça para permite a libertação recíproca”.
A Igreja no Ruanda tem a missão de “oferecer a Palavra que cura, liberta e reconcilia”.