Economia: Trabalhadores cristãos de Portugal e Espanha querem impostos sobre fortunas e transações financeiras

Liga Operária Católica e Hermandad Obreira estão preocupadas com o desemprego

Lisboa, 09 fev 2012 (Ecclesia) – Os movimentos de trabalhadores cristãos de Portugal e Espanha querem que os Estados europeus criem taxas sobre os rendimentos mais altos e as transações financeira, além de reclamarem ações contra a fuga aos impostos.

“Não se aplicam outras medidas que podiam levar a um aumento de proveitos financeiros para o Estado, como sejam, impostos sobre as grandes fortunas e todas as transações financeiras, combate à fraude fiscal e à economia paralela”, refere uma nota enviada hoje à Agência ECCLESIA com as conclusões do encontro entre organismos católicos laborais da Península Ibérica.

Na reunião que termina hoje em Lisboa os responsáveis da Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos de Portugal e a Hermandad Obreira da Acción Católica de Espanha salientam que as medidas tomadas pelos líderes europeus “conduzem apenas ao equilíbrio dos défices, através de políticas de cortes em direitos sociais (educação, saúde, habitação e outros apoios sociais)”.

“É imperativo que o apoio financeiro aos bancos e às empresas seja fiscalizado de forma a ser garantida a manutenção e criação dos postos de trabalho e a sustentabilidade social e familiar dos trabalhadores”, salienta o comunicado, que destaca a taxa de desemprego na Península Ibérica: “Portugal está já perto dos 14% e em Espanha passa os 22%”.

As duas instituições falam de uma “multidão de desempregados” que está a ser “empurrada para a pobreza e a exclusão social, onde a sua dignidade não é reconhecida e a realização pessoal e familiar é cada vez mais difícil de acontecer”.

As organizações consideram que “o apoio financeiro dado aos bancos e toda a desregulamentação laboral favorável às empresas e aos empresários não revertem a favor da criação de mais postos de trabalho, muito menos da valorização do trabalho digno e justamente remunerado”.

O desemprego afeta os jovens, impedindo-os “de se autonomizar financeiramente, trazendo mais encargos para os pais que tantas vezes já vivem em situações financeiras fragilizadas”, aponta o texto.

Os imigrantes, por seu lado, “têm menos capacidade para se defender, vendo-se obrigados a regressar novamente aos seus países ou então caem na pobreza extrema e na exclusão”.

A nota realça que as condições laborais “estão cada vez mais precárias e fragilizadas”, fazendo “com que em muitos locais de trabalho predomine a insegurança” e a “resignação”.

Este ambiente também tem implicações no sindicalismo, já que “o medo de perder o emprego e a falta de consciência cívica faz com que muitos trabalhadores não se comprometam na organização sindical”.

“O reconhecimento prático dos direitos sociais serve de barómetro da qualidade democrática de uma sociedade, porque mede também o grau de aplicação da justiça”, frisa o comunicado relativo ao encontro que decorreu desde segunda-feira em Almada, Diocese de Setúbal.

Portugal e Espanha fazem parte de um grupo de Estados que escreveram à presidência dinamarquesa da União Europeia a pedir para acelerar as diligências com vista à criação de uma taxa sobre as transações financeiras, revelou esta quarta-feira a Renascença.

O facto de a iniciativa juntar nove países possibilita que possam avançar com a criação da taxa, uma vez que fica reunido o número mínimo de países necessários para esse efeito.

RJM

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Agência ECCLESIA

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