Economia: Docentes da Católica e da Nova vão participar na reunião preparatória do encontro “A Economia de Francisco”

Evento de Assis, em 2020,  foi convocado pelo Papa e vai juntar estudantes e empresários de todo o mundo na procura de novos modelos económicos

Américo Mendes e Ricardo Zózimo

Lisboa, 18 jul 2019 (Ecclesia) – O comité organizador do encontro “A Economia de Francisco”, convocado pelo Papa para março de 2020, está a preparar o evento com peritos de todo o mundo, nomeadamente dois professores universitários de Portugal, um da Católica e outro da Nova.

Américo Mendes, professor associado da Católica Porto Business School, e Ricardo Zózimo, professor da Nova School of Business & Economics, vão preparar encontro desejado pelo Papa, numa reunião que decorre no próximo mês de setembro, em Itália.

“Fomos convocados para ajudar a preparar o grande encontro de março” de 2020, disse Américo Mendes à Agência ECCLESIA, acrescentando que na reunião de setembro vão estar em discussão “ideias-força que possam servir de estrutura aos grupos de reflexão”, tendo por horizonte a “economia de comunhão”.

Para Ricardo Zózimo, interessa analisar ideias para o encontro e para o que vai acontecer após a sua realização, em Assis, procurando “mudar os modelos económicos”.

“Há três coisas que eu quero levar: o nosso entusiasmo por esta iniciativa, a nossa vontade de que isto não seja um ponto de chegada nem um ponto de partida, mas um ponto de celebração e de nos lançar para a frente, ideias para conseguir mudar os modelos económicos”, afirmou

Para o professor da Universidade Nova, é necessário assumir “um compromisso”, não “voltar a ensinar exatamente da mesma maneira” nas academias e “ajudar os colegas a perceber o alcance destas coisas”.

“Não vai depender de nós os dois. Vai depender do movimento que se gerar e nós temos de estar disponíveis para ajudar gerar esse movimento”, sublinhou Ricardo Zózimo.

Américo Mendes referiu que o Papa Francisco é “o líder ideal” para gerar um movimento de procura de novos modelos económicos, tendo por inspiração São Francisco de Assis e o conceito de economia de comunhão.

 “Sempre entendi a economia como um espaço de inclusão e de comunidade, no sentido integral do termo, como o Papa Francisco o entende: comunidade com o próximo e com a natureza que nos sustenta e nos governa”, referiu o professor da Universidade Católica Portuguesa.

Para Américo Mendes, a procura de novos modelos para a economia tem de ir além da lógica do mercado e desafia ao encontro entre investigadores, docentes e “pessoas que estão no terreno a empreender com um propósito social”.

“Um dos males de que sofrem as nossas universidades é haver quem só investigue ou só ensine ou faça as duas coisas e depois não esteja no terreno, no dia a dia, no sítio onde os problemas sociais acontecem e podem ser resolvidos”, afirmou.

“É preciso conseguir a triangulação entre investigação, docência e ação”, disse Américo Mendes, referindo que o formato do encontro do Papa Francisco “aponta nesse sentido.

Ricardo Zózimo lembrou que “os cursos estão em progressiva transformação”, assim como a pedagogia dentro das salas de aula, apostando numa “pedagogia ativa”, onde se motivam “os alunos a sair da universidade e a encontrar organizações que têm impacto e a construir mais impacto”.

Questionado sobre o alcance da expressão “esta economia mata”, do Papa Francisco, o professor da Universidade Nova disse que “é uma afirmação difícil” porque “matar é o ponto de não retorno”.

“Sem discordar, acho que o Papa está a dizer: vamos pôr as pessoas no meio do modelo económico”, afirmou Ricardo Zózimo.

Para Américo Mendes, há um “certo tipo de economia que mata”, sobretudo quando se baseia no modo que prevalece na forma de a organizar, o mercado, porque “exclui sempre pelo lado dos consumidores, quando não têm a capacidade de pagar pelos bens e serviços que precisam, e do lado das empresas, as que não forem competitivas”.

“É preciso outra forma de organizar a economia, para além do mercado”, sublinhou o professor da Universidade Católica Portuguesa.

O Papa convidou os jovens para uma iniciativa que “deseja há muito” e que permita conhecer quem estuda e tenta começar a praticar “uma economia diversa”, que “faz viver e não mata, inclui e não exclui, humaniza e não desumaniza, cuida a criação e não a despreza”.

Para além dos professor universitários que vão estar na reunião preparatória, estudantes da Universidade Católica já realizaram a sua inscrição para o encontro de Assis, programado para março de 2020.

PR

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Agência ECCLESIA

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