Economia de Francisco: Novos profissionais crescem no mundo empresarial com vontade de fazer diferente

Curso proposto pela UCP, Nova e AESE quer criar grupo de reflexão sobre economia social

Foto: Agência Ecclesia/LS

Lisboa, 21 out 2019 (Ecclesia) –  São advogados, empresários, estudantes, ou simples interessados em perceber como, a partir do desafio de refletir sobre «A Economia de Francisco», a economia social pode dar passos no atual contexto empresarial.

Os estudantes, desafiados a olhar a realidade com os óculos do Papa, perceberam que as lentes de Francisco são “criativas”, “corajosas”, “limpas”, “com atenção ao detalhe”, são “simples”, “ajudam a focar no essencial”, são amplas para ver a “integralidade do homem todo e de todos os homens” mas assumiram também que os olhos pontifícios não veem o que não existe, olham sim mais fundo e com outros critérios.

A proposta estende-se por seis meses e ao longo de oito sessões junta três estabelecimentos de ensino superior, Nova SBE, Universidade Católica Portuguesa e AESE Business School; é dirigida a um segmento de jovens adultos apostados em mudar a forma como hoje se vive e trabalha nas empresas.

“O modelo que aqui usamos é expor os participantes a uma experiência, uma viagem para que, através dela, eles possam perceber na sua vida como se vai tornar realidade. Todas as vidas são diferentes: há pessoas que trabalham em grandes empresas, em pequenos locais, em projetos sociais, ou familiares. Cada um, ao longo desta viagem, vai descobrir como a economia de Francisco faz sentido para as suas vidas”, explicou à Agência ECCLESIA Ricardo Zózimo, professor de Gestão na Universidade Nova SBE, responsável pela primeira das oito sessões que até abril congrega 50 profissionais na faixa dos 20-40.

Apostada no diferencial de jovens comprometidos com o mundo do trabalho, mas que procuram contribuir com novos horizontes, o grupo de jovens profissionais ligados à Associação Cristã de Empresários e Gestores, a ACEGE Next, acredita no potencial deste grupo, não só para refletir a curto prazo mas para levar mais longe a economia de Francisco.

“Seria um bom contributo, estamos a falar de um espectro ativo. São estas as pessoas que estão a começar: o mundo empresarial começa a renovar-se, com «start up’s» e são estas as pessoas que estão a liderar, já têm as suas próprias empresas, empregam outras pessoas e têm grande responsabilidade humana”, traduz Bernardo Vasconcelos, da ACEGE Next.

As motivações confluem para a certeza de que a participação de cada um é fundamental e as suas ações poderão ter impacto no mundo.

Madalena Rocha e Melo tem 27 anos e é advogada numa sociedade, estando direcionada para a recém-criada «Economia Social» no escritório onde trabalha; aqui encontrou a forma de, respondendo “a um apelo muito pessoal” conseguindo “conciliar estes objetivos na vida profissional”.

“Sou uma grande fã e acredito muito numa economia mais social, ambiental e ecológica; esta iniciativa do Papa Francisco e o apelo que faz a todos os jovens tem uma importância muito grande para o que é necessário construir no nosso mundo, em especial tendo em conta as próximas gerações”, explica a jovem advogada sobre as suas motivações para participar no curso.

De Coimbra, Manuel Tovar, um jovem empresário de 25 anos acredita que a reflexão em torno da Economia de Francisco não poderá ficar localizada no tempo.

“Esta nova geração é desafiada para uma longa vida ativa e chamada a realizar estes desafios do Papa no seu dia-a-dia, envolvendo-se a si mas a todos com que trabalham nas suas empresas”, define o jovem sócio de uma empresa na área do comércio eletrónico.

Assume a sua participação porque acredita ser possível juntar “a realidade de ser católico e trabalhar numa empresa”, impactando a vida dos trabalhadores, dos clientes e parceiros.

Rita Sacramento Monteiro, responsável pelo programa de voluntariado de uma empresa, dá conta da novidade que Francisco traz.

“O Papa Francisco não vem propor um novo modelo económico, mas propor um espaço de compromisso, de reflexão onde temos de estar todos sentados à mesa: o cidadão, o professor, ao aluno, o empresário, o empreendedor, o ambientalista, o ativista… é necessário que todos nos deixemos influenciar para perceber quais os valores a enraizar ou reavivar, ou redesenhar para o tempo presente e gerações futuras”, explica.

Sobre os participantes que hoje estão inscritos no curso, Ricardo Zózimo afirma, que amanhã serão os atores do mundo empresarial e social.

“Eles querem ter impacto social, sabem que isso é importante e assumem-no como algo importante para as suas vidas”, finaliza.

As restantes sessões vão realizar-se alternadamente em espaços da UCP, Nova SBE e AESE, estando a última prevista para o dia 15 de abril, posterior ao encontro em Assis, convocado pelo Papa Francisco para refletir sobre Economia.

LS

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