«Economia de Francisco» Carta-compromisso pede igualdade de oportunidades, apoio à sustentabilidade e fim dos paraísos fiscais

Encontro termina com a promessa de que «está tudo a começar…»

Lisboa, 21 nov 2020 (Ecclesia) – O encontro ‘A Economia de Francisco’ terminou hoje com uma carta-compromisso pelo direito ao trabalho digno, respeito pelos pobres, investimento na educação, apoio à sustentabilidade, igualdade de oportunidades e o fim de paraísos fiscais.

“Sejam imediatamente abolidos os paraísos fiscais no mundo inteiro porque esse dinheiro é subtraído do nosso presente e futuro, e porque um novo pacto fiscal será a primeira resposta a um mundo pós-Covid”, afirmaram os participantes, no encontro online, que teve a pandemia como pano de fundo.

A realização de um encontro com todos os participantes esteve marcado para março, em Assis, mas a pandemia mundial fez adiar o encontro e, posteriormente, obrigou à sua realização através das tecnologias digitais.

Na carta-compromisso, os mais de 2 mil participantes de 120 países, incluindo Portugal, acreditam que a transparência de “instituições financeiras mundiais” e a refundação de outras já existentes como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional podem “ajudar o mundo a erguer-se das pobrezas e do desequilibro provocados pela pandemia”.

Os jovens pedem que as empresas e os bancos, grandes e globalizados, “possam ter um comité ético independente no seu governo”.

Os economistas, empresários, empreendedores e estudantes, com menos de 35 anos, querem “que a pegada ecológica” seja diminuída e que todos possam “partilhar as mais avançadas tecnologias”.

“A custódia dos bens comuns, em especial os globais, como a atmosfera, a floresta, oceanos, a terra, recursos naturais, todos os ecossistema, a biodiversidade e as sementes que seja colocado no centro dos governos, e no ensino das escolas e cursos de economia do mundo inteiro”, referiu a passagem do documento final, lido por um participante do Brasil.

Os pobres e as ideologias económicas estão no centro de outro apelo: “Nunca mais sejam usadas as ideologias económicas para ofender e descartar os pobres, os doentes, as minorias e os desfavorecidos de todos os tipos. A primeira ajuda à indigência deles é o respeito pelas suas pessoas. A pobreza não é maldição mas infortúnio e responsabilidade de quem não é pobre”.

O posicionamento exigiu o direito ao trabalho digno e que os “direitos humanos sejam respeitados na vida de cada empresa e na vida de cada trabalhador”, que sejam garantidas pelas políticas sociais de cada país e “reconhecidos a nível mundial como uma carta comum que desencoraje escolhas empresariais voltadas para apenas ao lucro e baseada na exploração de crianças e adolescentes”.

Foi ainda pedido um impulso a empresários inovadores em áreas da sustentabilidade ambiental, social e espiritual, e, “não menos importante de gestão, porque só com gestão das pessoas é possível uma sustentabilidade global da economia”.

A educação foi apresentada como central, como investimento no futuro de “cada menino e cada menina”, pois “o capital humano é o primeiro capital de todo o humanismo”.

A igualdade de oportunidades e de género foi também apontada por uma participante da Ucrânia, apontando que as “empresas e locais de trabalho” que não tenham “uma presença adequada para o talento feminino não são locais de plena e autêntica humanidade e felicidade”.

Por último, foi pedido a possibilidade de afirmar um mundo sem guerra.

“Queremos dizer aos nossos filhos que o mundo em guerra acabou para sempre. Que não se subtraiam recursos às escolas e à saúde para construir armas e destinados a guerras”, afirmou uma participante dos Estados Unidos da América.

Aquilo que os participantes reconhecem como “profético” afirma também ser possível: “Acreditamos que é algo profético, por isso pedimos, insistimos e pedimos novamente porque o que parece impossível, graças à nossa insistência, amanhã vai ser possível”.

“Os adultos podem fazer mais. O nosso tempo é difícil, há que pensar no impossível. Pedimos muito mas se pedíssemos menos, não seria o suficiente”, sublinham no final do encontro.

“Pedimos tudo isso a nós mesmos e estamos empenhos em viver as nossas energias e inteligências para que a economia de Francisco possa ser sal e fermento para a economia de todos. Façamos a Economia de Francisco”, finalizam, com a promessa de que “está tudo a começar”.

LS

 

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Agência ECCLESIA

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