Ecologia: O espaço das «pequenas ações» de Adelaide Theotónio para mitigar as alterações climáticas

Economista aposentada, celebrou o sacramento do Crisma ao 47, hoje é dinamizadora do Foco de Conversão Ecológica, na paróquia do Campo Grande, em Lisboa, e membro da Rede Cuidar da Casa Comum, que encontra na encíclica «Laudato Si» desafios sempre novos para a sua vida

Lisboa, 26 nov 2025 (Ecclesia) – Adelaide Theotónio, do Foco de Conversão Ecológica da paróquia do Campo Grande, em Lisboa, diz que cada pessoa, na sua comunidade, pode realizar “pequenas ações” que contribuam para mitigar os efeitos das alterações climáticas.

“Eu sou governante de nenhum país, não estou na COP30, não tenho poderes para alterar a nível nacional, a nível internacional, mas posso e devo realizar pequenas coisas. E o Papa Francisco também fala na encíclica ‘Laudato Si’, sobre a importância das pequenas coisas, das pequenas ações diárias. É modificar aquilo que está ao meu alcance”, conta à Agência ECCLESIA a membro da Rede Cuidar da Casa Comum.

“Está ao meu alcance dinamizar ações no Foco de conversão ecológico, falar da ‘Laudato Si’ em todos os lugares onde estou; está o meu alcance no supermercado perguntar por fruta portuguesa e recusar-me a comprar fruta que vem de fora porque devemos comprar no que é sazonal e local; está ao meu alcance dizer não ao consumismo e ao desperdício alimentar”, acrescenta.

Economista reformada, recorda ter sido o Movimento Católico de Profissionais – Metanoia que a colocou em contacto com a Rede Cuidar da Casa Comum, idealizada por Manuela Silva, que pretende dinamizar a encíclica ‘Laudato Si’, escrita pelo Papa Francisco em 2015, onde propõe o cuidado da Casa Comum e a ecologia integral nas relações humanas e económicas.

“Um dos sonhos da Manuela Silva, quando ela sonhou a rede Cuidar da Casa Comum e a forma de concretização da encíclica no viver quotidiano, tinha como objetivo aproveitar a capilaridade das paróquias e comunidades para em pequenos grupos de apostar na conversão ecológica”, conta.

Em cada lugar “pode haver um pequeno foco” que olhando o sue contexto propõe ações dinamizadoras.

“Dias antes das eleições autárquicas, o foco de conversão da paróquia do Campo Grande convidou os candidatos a presidente da junta de freguesia para uma conversa sobre projetos a implementar e programas e tudo decorreu com muito respeito, com tempo de diálogo”, exemplifica.

A dinamização do Foco concretiza-se no Conselho pastoral da paróquia e também Comissão Social de Freguesia onde estão representados, procurando que o seu trabalho possa influenciar a infância e juventude.

Adelaide Theotónio nasceu na Bélgica, filha de um pai português e de uma mãe belga, e veio para Portugal com seis anos, para estudar no Colégio das Doroteias, em Lisboa, local escolhido dados os valores cristãos com que deveria crescer.

Apesar da educação cristã, Adelaide celebrou o sacramento do Crisma aos 47 anos.

“Não sei bem explicar, foi um chamamento, senti que estava na altura, fruto possivelmente do caminho que fiz com os encontros do Movimento Católico de Profissionais – Metanoia”, recorda.

“O acolhimento que é feito nesses encontros é indescritível. As pessoas são muito acolhedoras e ninguém nos pergunta se somos ou não católicos. Refletimos sobre a vida real profissional. Foi ótimo encontrar um grupo de pessoas com a qual eu me identifiquei logo, nos valores, na escuta”, indica.

Um despedimento coletivo na empresa onde trabalhou vários anos abriu um novo capítulo na sua vida.

“Sou otimista por natureza e não fiquei em casa a chorar e a olhar para as paredes. Apertei o cinto, vivi do subsídio desemprego e inscrevi-me na paróquia do Campo Grande, para ser voluntária, e na plataforma de apoio aos refugiados. Achei que o desemprego era uma oportunidade para fazer aquilo que eu mais gosto que é ajudar quem precisa”, recorda.

Tendo começado por visitar pessoas idosas sinalizadas pela paróquia, rapidamente Adelaide Theotónio foi desafiada a dar catequese às crianças, projeto a que deu continuidade e hoje acompanha crianças de “10 e 11 anos que estão a chegar pela primeira vez à iniciação cristã”.

“A vida de Jesus transmite-se às crianças com testemunho, testemunho, testemunho, testemunho. Em cada minuto da nossa vida. Os mais pequenos não têm filtros e é um privilégio ser catequista deste grupo, em que os pais e as crianças estão muito motivados”, explica.

A conversa com Adelaide Theotónio pode ser acompanhada esta noite no programa ECCLESIA, emitido na Antena 1, pouco depois da meia-noite, e disponibilizado no podcast «Alarga a tua tenda».

LS

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