Juan Ambrosio, vice-presidente da comissão coordenadora da «Rede Cuidar da Casa Comum», apresenta iniciativa intercofessional «Eco Igrejas Portugal» e aborda lançamento de programa no dia 25 de outubro
Lisboa, 22 out 2025 (Ecclesia) – Diversas Igrejas Cristãs, a Rede Cuidar da Casa Comum e a associação “A Rocha” juntaram-se em prol da sustentabilidade e do cuidado com a criação, na iniciativa “Eco Igrejas Portugal”, apresentando no sábado uma ferramenta de certificação ambiental.
“Eu acredito cada vez mais que as diversas maneiras de viver o cristianismo, se nos entendermos e se formos capazes de celebrar juntos, são elas uma riqueza e não uma pobreza”, afirmou Juan Ambrosio, vice-presidente da Comissão Coordenadora da Rede Cuidar da Casa Comum, em entrevista ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.
O responsável assinala que a consciência sobre o tema da sustentabilidade foi reconhecida pelas Igrejas Cristãs “mais cedo” do que a Igreja Católica, e que a reflexão, anterior ao Papa Francisco, foi muito desenvolvida durante o seu pontificado, propondo-a “como critério” para “poder aferir a fidelidade da experiência cristã”, começando a ser integrada nas comunidades.
“Desta sensibilidade do reconhecimento da importância do cuidado da criação, do cuidado uns dos outros […] surge esta iniciativa de âmbito ecuménico em que diversas igrejas cristãs reconhecem a convergência nesta preocupação, reconhecem a convergência na relevância desta questão e como ela é relevante para a própria fé”, explica.
Juan Ambrosio dá conta que, depois de vários encontros, no dia 12 de junho de 2021, a “A Rocha – Associação Cristã de Estudo e Defesa do Ambiente”, a Aliança Evangélica Portuguesa, a Conferência Episcopal Portuguesa, o Conselho Português de Igrejas Cristãs e a REDE Cuidar da Casa Comum assinaram um memorando para lançar um caminho conjunto, criando a iniciativa “Eco Igrejas Portugal”.
“É possível pensar que esta preocupação não é só uma preocupação do âmbito do pensamento, do desejo, mas pode traduzir-se em práticas com crentes de transformação de estilos de vida, de modos de organizar as próprias comunidades e é aí que surge esta proposta de ferramenta de certificação ambiental”, adianta.
O vice-presidente da Comissão Coordenadora da Rede Cuidar da Casa Comum indica que a ferramenta corresponde a três níveis, em três anos, sendo o primeiro o discernimento, que inclui o “preenchimento de três tipos de inquéritos que apanham toda a amplitude da vida das comunidades, das instituições, das casas, das igrejas”.
Os questionários caracterizam-se por questões relacionadas com as compras, gestão de energia, modo de deslocação, bem como a forma como o tema do cuidado com a casa comum está presente na catequese.
Na segunda etapa, do compromisso, entra a ferramenta para “perceber a pegada carbónica”, diz Juan Ambrosio, que acrescenta que esta é contruída por pessoas que “trabalham cientificamente nesta área”.
“Todos estes processos geram relatórios e geram a tal certificação”, realça.
No terceiro nível, vai ser avaliada a “transformação” que está a ser implementada nas práticas, na gestão, no discurso e sobretudo, assinala o responsável, nos “estilos de vida das comunidades e das diversas instituições a elas ligadas”.
Juan Ambrosio destaca que esta é uma forma muito concreta de assinalar o 10ºaniversário da encíclica ecológica e social ‘Laudato si’, referindo que a iniciativa “Eco Igrejas Portugal” viveu “um processo longo de amadurecimento” ao longo de quatro anos até apresentar ferramenta.
“Isto exige das entidades envolvidas um compromisso financeiro e portanto mostra também como consideramos que isto é de facto relevante. Este compromisso é assumido na construção da ferramenta, não será um compromisso de todo pesado para as comunidades que queiram aderir a este processo”, salienta.
A sessão de apresentação da ferramenta vai decorrer no dia 25 de outubro, pelas 15h00, na Catedral de São Paulo, que fica na Rua das Janelas Verdes, em Lisboa.
Este caminho é, segundo o entrevistado, “uma maneira de aferir o seu compromisso cristão”, isto é, “o cristianismo não é só uma dinâmica, uma proposta ad intra”, mas tem que ter “um impacto na transformação do mundo”.
“Este cuidado com a casa comum, este cuidado com o humano comum uns com os outros, tem que ser também marca distintiva das comunidades cristãs. E esse é o exercício que tentamos fazer com esta proposta”, mencionou.
O programa “Eco Igrejas Portugal” é um conjunto de projetos centrados na capacitação das igrejas e comunidades de fé com o objetivo da sua transformação sustentável refletida na forma como ensinam, atuam e comunicam, e está aberto a todas as confissões cristãs.
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