Ecologia: Francisco reforça alertas para consequências do aquecimento global

Papa realça importância de unir pessoas de todas as convicções em defesa da natureza e da humanidade

Cidade do Vaticano, 01 set 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco reforçou hoje os seus alertas em relação às consequências do aquecimento global e das mudanças climáticas, numa mensagem publicada por ocasião do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, iniciativa ecuménica.

“O planeta continua a aquecer, em parte devido à atividade humana: o ano de 2015 foi o ano mais quente de que há registo e, provavelmente, o ano de 2016 sê-lo-á ainda mais. Isto provoca secura, inundações, incêndios e acontecimentos meteorológicos extremos cada vez mais graves”, refere o texto.

Francisco liga as mudanças climáticas à “dolorosa crise dos migrantes forçados” e à pobreza global.

“Os pobres do mundo, embora sejam os menos responsáveis pelas mudanças climáticas, são os mais vulneráveis e já sofrem os seus efeitos”, sustenta o pontífice argentino.

O Papa convida todos os cristãos, bem como crentes de outras religiões e pessoas de “boa vontade” a unir esforços para não ficar “indiferentes perante a perda da biodiversidade e a destruição dos ecossistemas”, muitas vezes provocadas por “comportamentos irresponsáveis e egoístas”.

A mensagem pelo Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação saúda a dimensão ecuménica da jornada, com a participação da Igreja Ortodoxa, onde começou, e de outras Igrejas e Comunidades cristãs.

“É muito encorajador que a preocupação com o futuro do nosso planeta seja partilhada pelas Igrejas e comunidades cristãs em conjunto com outras religiões”, refere Francisco.

O texto elogia depois as iniciativas que promovem a “justiça ambiental, a solicitude pelos pobres e o serviço responsável à sociedade”, em diferentes contextos religiosos e sociais.

“Cristão ou não, pessoas de fé e de boa vontade, devemos estar unidos manifestando misericórdia para com a nossa casa comum – a terra – e valorizar plenamente o mundo em que vivemos como lugar de partilha e comunhão”, defende o Papa.

Retomando o que escreveu na sua encíclica ‘Laudato si’, Francisco fala numa “ecologia integral” em que todos os seres humanos estão “profundamente ligados entre si” e com a natureza.

A mensagem deixa críticas à “mentalidade de curto prazo” na política e na economia, marcadas pela “busca de imediato benefício financeiro ou eleitoral”.

Francisco elogia o Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, obtido em dezembro de 2015, e espera agora que os governos saibam “respeitar os compromissos que assumiram”.

A mensagem foi apresentada em conferência de imprensa pelo cardeal Peter Turkson, natural do Gana, atual presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz e que a partir de 1 de janeiro de 2017 vai dirigir o novo “Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral”.

O cardeal sublinhou o “grande interesse do Papa” pela dimensão ecológica e comentou a proposta de fazer do cuidado pela criação uma nova obra de misericórdia, o que se pode traduzir em gestos como, por exemplo, “cultivar um pequeno jardim”.

OC

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Agência ECCLESIA

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