Preocupação pelo clima surge pela vocação de serviço aos mais pobres
Lisboa, 16 jun 2015 (Ecclesia) – A Cáritas Internacional publicou dois artigos onde aborda oito “mitos” sobre o clima e responde às sete perguntas mais frequentes sobre alterações climáticas, no contexto da encíclica ‘Laudato si, sobre o cuidado da casa comum’, do Papa Francisco.
“As pessoas mais pobres do mundo são as mais atingidas por eventos meteorológicos extremos”, alerta a Cáritas Internacional que exemplifica com tufões e inundações que “destroem comunidades inteiras”, bem como a seca, chuvas irregulares e “imprevisíveis estações” que deixam “milhões de pessoas com fome”.
Para responder aos mitos mais comuns sobre o clima e responder às perguntas mais frequentes sobre alterações climatéricas a instituição teve como base o trabalho do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC – 2000 cientistas de mais de 150 países) que estima que as mudanças climáticas vão “aumentar significativamente e intensificar eventos climáticos extremos”.
A Caritas apela aos governos que protejam as pessoas “mais vulneráveis aos riscos de condições meteorológicas extremas” e que financie a transição do uso de combustíveis fósseis poluentes à energia sustentável.
Por energia sustentável entende-se a que “não agride o meio ambiente ou clima local” e não impede as gerações futuras de “satisfazerem as suas necessidades” de energia.
“Energia sustentável também deve ser acessível, segura e confiável para todos”, adverte.
Para além dos governos das nações, a Caritas Internacional, que reúne 164 organizações católicas, convida também “todos os homens de boa vontade” a “agir e viver” de modo que o problema do clima não aumente para os pobres do mundo.
“Estamos a demonstrar aos políticos quanto nos preocupamos com esta questão e esperamos que eles enfrentem as causas das alterações climáticas e apoiem soluções”, acrescenta, pedindo que se mude dos “combustíveis fósseis poluentes” para fontes mais sustentáveis de energia – “Eólica; solar; geotérmica e hídrica” – e fazer um uso da energia mais eficiente.
“A nossa fé chama-nos a viver simplesmente, de forma sustentável e em solidariedade com os pobres”, afirma.
No primeiro ‘mito’, a instituição católica desmente que os cientistas “não concordem” sobre se existe ou não o aquecimento global e revela que a “grande maioria” admite que a “atividade humana é responsável pelo aquecimento global”.
A organização católica adianta que é um mito que as alterações façam parte da “mudança natural” e se é verdade que o clima “sempre mudou ao longo da história da terra” as “enormes” modificações de hoje “não são devido a causas naturais”.
“Há evidências científicas de que é devido a um aumento da quantidade de gases de efeito estufa na atmosfera”, desenvolve.
No seu sítio online, a Cáritas Internacional alerta que os últimos 30 anos foram os “mais quentes no hemisfério norte experimentou durante os últimos 1400 anos” e frisa que a “intensidade” do aquecimento varia, mas a “tendência é sempre para cima”.
A Cáritas Internacional alerta ainda que é ‘mito’ que alguns países “sempre” tenham sofrido secas, ondas de calor e condições meteorológicas extremas, ou que o aquecimento global seja bom para os humanos.
Neste contexto, adverte que sem qualquer intervenção, a mudança climática vai tornar a vida “muito mais difícil” para muitas pessoas especialmente as comunidades pobres, porque têm menos capacidade de adaptação.
‘Laudato si, sobre o cuidado da casa comum’ é o título da Encíclica do Papa Francisco sobre o tema do ambiente que vai ser apresentada esta quinta-feira, no Vaticano.
CB/OC