Organização lamenta «estigma» colocado sobre os migrantes provenientes da África Ocidental
Cidade do Vaticano, 29 out 2014 (Ecclesia) – A Cáritas Internacional vai reunir-se dia 4 de novembro em Roma com membros das várias organizações católicas especializadas na área da Saúde para definir novas linhas de atuação, face à propagação do vírus ébola.
Numa declaração feita pouco tempo depois de regressar da Libéria, epicentro da epidemia, o conselheiro de Saúde da Cáritas sublinhou que na mente de todos quantos trabalham no setor “não pode estar apenas em causa a prevenção do ébola”.
Para o padre Robert Vitillo, esta crise representa uma oportunidade de garantir um futuro melhor para “milhares de pessoas em situação de pobreza, que não têm acesso a cuidados de saúde para outras doenças e que viram a sua vida ficar completamente virada do avesso com este caso”.
Daí que considere essencial que “a Cáritas alargue o seu leque de respostas e fortaleça a colaboração com outras organizações católicas o mais rápido possível”.
“Os nossos irmãos e irmãs não podem esperar mais”, apontou aquele responsável, frisando a urgência também de contrariar o clima de “pânico” que está a alastrar “a todas as partes do globo” e o “estigma” que está a ser colocado sobre os ombros “dos migrantes provenientes da África Ocidental, e até dos voluntários retornados daquela região”.
Nas últimas semanas, o virus do ébola causou a morte a pelo menos cinco mil pessoas, de um total de 10 mil casos identificados.
Os países mais afetados foram a Libéria (4665 casos), Serra Leoa (3706) e Guiné-Conacri (1540), e também foram registados casos na Nigéria, Senegal, Espanha (1 em cada país) e nos Estados Unidos da América (com 3).
A Cáritas Internacional tem procurado combater o avanço da doença através da distribuição de kits de higiene às famílias, da formação de membros do clero e de outras pessoas a nível local, da distribuição de alimentos às famílias mais afetadas e da transmissão de mensagens e informações relacionadas com a prevenção do ébola.
No encontro de Roma, no dia 4 de novembro, vão estar em cima da mesa outras questões como a assistência às pessoas que estão em regime de quarentena, nas nações afetadas, ou a situação das crianças que ficaram órfãs devido ao ébola.
O evento vai incluir a participação via videoconferência de agentes que se encontram no terreno na Guiné Conacri, na Serra Leoa e na Libéria e de representantes das várias ordens religiosas presentes na África Ocidental.
Presente na capital italiana vai estar o médico e professor Timothy Flanigan, especialista em Doenças Infectocontagiosas do Hospital Universitário de Brown, nos Estados Unidos da América, que esteve recentemente dois meses na Libéria a dar formação aos profissionais de saúde que estão ali de serviço.
CI/JCP