«É urgente a criação de uma Unidade de Cuidados Paliativos em Viana»

Termina, hoje, no auditório da Escola Superior de Enfermagem do Instituto Superior de Viana do Castelo (IPVC), o I Congresso Multidisciplinar das Pós-graduações em Cuidados Paliativos e Enfermagem Oncológica. Numa iniciativa muito concorrida, uma especialista alertou para a necessidade «urgente da criação de uma Unidade de Cuidados Paliativos», em Viana do Castelo. Raquel Pires, enfermeira coordenadora dos Cuidados Paliativos do Hospital Residencial do Mar, Grupo Espírito Santo Saúde, em Lisboa, apresentou os números da realidade nacional e o que está a ser feito, em termos de cuidados continuados integrados. «A realidade que apresentei não é aquela que gostaria de apresentar. Os números ficaram aquém do esperado. Não existem ainda recursos suficientes para dar resposta às necessidades reais dos doentes e das suas famílias, não só desta região como do País em geral», denunciou. Raquel Pires tem esperança que durante este ano, os profissionais com formação nesta área venham a mostrar cada vez mais aquilo que sabem e que podem fazer nesta área. «Espero que a rede de Cuidados Continuados Integrados se alargue e que passemos a dar resposta a muitos mais doentes. Neste momento estou com uma perspectiva bastante positiva em relação à construção dessa rede», afirmou, em declarações ao Diário do Minho. Esta responsável explicou que esta rede consiste numa correcta referenciação dos doentes tendo em conta as suas necessidades reais. São várias as tipologias nas quais os doentes podem ser referenciados, nomeadamente, as Unidades de Convalescença, Unidades de Reabilitação, com unidades de media duração e unidades de longa duração, bem como as unidades de cuidados paliativos. Os doentes são referenciados para as unidades, de acordo com as suas características, por forma a terem os devidos cuidados. A enfermeira Raquel Pires lembrou que em todo o distrito de Viana do Castelo não existe nenhuma unidade de Cuidados Paliativos. «É urgente a criação dessa unidade para dar resposta a uma situação que é muito grave», defendeu. Actualmente, a nível nacional, existem 77 camas para os cuidados paliativos e 2700 para todas as outras tipologias. A meta é duplicar o número de camas em todas estas áreas e esta responsável espera que ela seja atingida. Mais de 250 pessoas aderiram ao congresso Aurora Pereira, vice-presidente do Conselho Directivo da Escola de Enfermagem e coordenador de uma das pós-graduações responsável pela organização do evento, não poderia estar mais satisfeita pela forma como as pessoas acorreram ao congresso. «A adesão foi muita. Temos o anfiteatro cheio, com mais de 250 pessoas. Sendo o primeiro congresso estamos muito satisfeitos», disse. Esta responsável explicou ao Diário do Minho que o congresso é o culminar de duas pós-graduações: uma em Enfermagem Oncológica e outra em Cuidados Paliativos. «Com este congresso quisemos transparecer para a comunidade algumas das áreas mais importantes que foram desenvolvidas durante a pós-graduação. No item “O estado da arte em cuidados paliativos”, procurámos dar conta da realidade que se passa no nosso País em termos de oncologia e cuidados paliativos. Quisemos também integrar neste congresso outra área muito importante que é a comunicação». Aliás, Pedro Ribeiro da Silva, médico da Direcção Geral de Saúde, esteve ontem no congresso para falar da comunicação em terapêutica, «que é muito importante». «Através da comunicação podemos facilitar a adaptação da família ao doente», argumentou. O presidente da Comissão de Ética do Hospital de São João, no Porto, também foi convidado a falar da comunicação, mas quando se trata de crianças. Hoje, destaque para a abordagem da sexualidade, isto é, a sexualidade numa pessoa com problemas oncológicos. “Morte ou eternidade”, em diferentes perspectivas é outro tema a ser tratado por oradores de várias religiões assim como sociólogos e pelo pessoal de enfermagem.

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