Drama do Darfur no coração de Bento XVI

Papa apela às partes envolvidas que abandonem as armas e optem pelo diálogo e a negociação Bento XVI manifestou hoje a sua preocupação pela “situação dramática” que se vive desde 2003 na região sudanesa do Darfur, que já originou 200 mil mortos e mais de 2,5 milhões de deslocados. Recebendo no Vaticano o novo Embaixador do Sudão junto da Santa Sé, Ahmed Hamid Elfaki Hamid, o Papa lembrou o que já tinha referido na Mensagem Urbi et Orbi da Páscoa de 2007, pedindo que as partes envolvidas abandonem as armas. “Neste conflito assassino, que atinge em primeira lugar as populações civis, todos sabem que nenhuma solução viável para chegar à paz fundada na justiça pode vir da força das armas, mas passa, pelo contrário, por uma cultura de diálogo e de negociação”, disse, pedindo uma “solução política do conflito” que respeite diferenças culturais, étnicas e religiosas. Para Bento XVI “nunca é tarde” para fazer as escolhas necessárias e colocar um ponto final nesta crise, desde que as palavras sejam acompanhadas por gestos concretos, em especial no que diz respeito às “disposições humanitárias que é urgente promover”. Neste sentido, deixa um apelo a todos os responsáveis para que “prossigam os seus esforços e tomem as decisões que se impõem”. Os recentes acordos entre o Sudão e o Chade, que implicam uma colaboração com a União Africana e a ONU para a estabilização do Darfur, são vistos como “apelos positivos ao abandono de uma estratégia de confronto”. O Papa concluiu o seu discurso deixando uma palavra de apreço pela acção da Igreja Católica no país “ao serviço do desenvolvimento integral de todos os habitantes, sem excepção”, mesmo nas mais difíceis condições. Campanha de sensibilização Em Portugal, a Missão Press – Associação de Imprensa Missionária, lança neste mês de Junho uma campanha de informação e sensibilização em favor da população do Darfur, região sudanesa onde se assiste à pior crise humana da actualidade. António Guterres, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, concedeu uma entrevista às publicações missionárias, que a publicarão, também, em conjunto, o mesmo acontecendo com a Agência ECCLESIA (ver notícia relacionada) Além da entrevista, as revistas missionárias apresentam um texto do Pe. José Vieira, missionário comboniano que presentemente se encontra no Sudão, e o Pe. Feliz da Costa Martins, Comboniano, único missionário português no Darfur. A guerra civil do Darfur começou em Fevereiro de 2003. Rebeldes do Exército de Libertação do Sudão (SLA) e, mais tarde, o Movimento de Justiça e Igualdade (JEM) – as siglas correspondem aos nomes em inglês –, pegaram em armas contra Cartum, acusando o governo do Sudão de discriminar os agricultores negros em favor dos pastores árabes. O governo de Omar el Bashir respondeu com as milícias «janjauid». Em quatro anos, mais de 200 mil pessoas morreram, 2,5 milhões foram deslocadas e quatro milhões carecem de ajuda. Cerca de 1500 aldeias foram apagadas do mapa. O genocídio alastrou ao Chade e à República Centro-Africana. Os «janjauid» atacaram além-fronteiras e começaram a matar árabes. Nos desertos inóspitos do leste do Chade vivem 235 mil refugiados sudaneses e 140 mil deslocados internos chadianos. Todos fogem da limpeza étnica dos «janjauid». Segundo os missionários portugueses, cabe à União Europeia – na hora em que Portugal assume a sua presidência – liderar uma ofensiva diplomática que force Cartum a encontrar uma solução política para o Darfur através de um Acordo Compreensivo de Paz entre todas as partes envolvidas como aconteceu com a guerra civil no Sul do Sudão. Notícias relacionadas Darfur, o drama continua

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