Só será possível «encontrar algumas pessoas dentro das igrejas» se forem conduzidas «por outros caminhos que não os tradicionais»
Braga, 20 Jan (Ecclesia) – A Igreja Católica está convencida que o ‘Inventário do Património Religioso do Douro’ veio proporcionar “um novo púlpito” para públicos distanciados da sua mensagem e celebrações.
A arte é um “novo púlpito” que “não é selectivo, que não acolhe apenas as pessoas que frequentam habitualmente a igreja”, disse à Agência ECCLESIA o presidente da Turel, cooperativa de Turismo Cultural e Religioso.
O padre José Paulo Abreu defende que só será possível “encontrar algumas pessoas dentro das igrejas” se elas forem conduzidas até às “imagens, simbólicas e espaços litúrgicos” católicos “por outros caminhos que não os tradicionais”.
Por isso, sublinha, “a arte é hoje uma linguagem absolutamente fundamental” para a evangelização: “Entrando nos nossos espaços e querendo lê-los, as pessoas vão encontrar uma mensagem e um mundo do qual, normalmente, andam arredados. E depois é a Deus que cabe tocar o espírito de cada uma, mas isso já nos escapa”.
O ‘Inventário do Património Religioso do Douro’, apresentado na última Segunda-feira em Gaia, identificou 92 imóveis considerados relevantes para serem visitados nas dioceses de Bragança-Miranda, Lamego, Porto e Vila Real.
A iniciativa, orçada em 378 mil euros, iniciou-se em Outubro de 2010 e termina entre os meses de Agosto e Setembro com a realização de um seminário para balanço dos resultados de inventariação, sinalização e divulgação do projecto intitulado ‘Douro Religioso: Visitar, Conhecer e Reconhecer’.
“A parte do ‘conhecer’, que se consubstancia no inventário, está finalizada. Quanto ao ‘visitar’, estamos a terminar a elaboração de três rotas turísticas, entre outros elementos; quando esta fase estiver concluída, e falta pouco, anexaremos a cada recurso a informação que deve ter, em termos de áudio, guião e desdobrável. Por fim, teremos o lançamento nos postos de turismo e câmaras municipais”, explicou o sacerdote.
O projecto pretende ser, indirectamente, um incentivo à requalificação dos imóveis, embelezamento dos espaços envolventes e melhoria das acessibilidades, especialmente para os deficientes.
“Alguns dos 92 edifícios precisam de reconstruções”, enquanto que outros carecem de “vigilância” em relação ao seu estado, dado que vão aparecendo sintomas de que “rapidamente podem entrar em alguma degradação”, reconhece o padre José Paulo Abreu.
O sacerdote espera que os turistas, ao aperceberem-se do valor dos monumentos, olhem para eles “com mais carinho, cuidado e vontade de os preservar”: “Conhecendo-os melhor e apercebendo-se do valor que têm, com certeza que os hão-de estimar mais”, salientou.
O responsável frisou que a Turel não tem competência para executar as requalificações, mas “alerta para essas necessidades e faz com que as entidades competentes se mobilizem para as resolver”.
No entender do sacerdote da arquidiocese de Braga, “o Douro tem sido visto sobretudo como rio e vinha”, pelo que este projecto é “um alargar de horizontes”
“À Turel, enquanto dedicada ao turismo religioso, compete-lhe alertar para esta dimensão, que normalmente não é a que emerge quando se fala do Douro”, referiu.
O presidente revelou que a cooperativa foi desafiada a estender a sua experiência a Gaia e Aveiro: “É um sintoma de que este projecto está a ser muito bem acolhido e as pessoas vêem que ele tem viabilidade”, constatou.
O projecto ‘Douro Religioso’ conta uma comparticipação de 70% do programa operacional ‘Norte’ e um financiamento de 30% suportado pela Turel, Diocese de Lamego e Turismo do Porto e Norte de Portugal.
RM