O congresso europeu da Confederação de Instituições Católicas com Ensino da Filosofia realizou-se este fim-de-semana em Braga e na Casa da Torre, em Soutelo. Durante três dias, os congressistas reflectiram sobre a temática do Dom, «uma questão importante para a compreensão filosófica e teológica da realidade de Deus», como explicou ao DM o padre João Vila-Chã, organizador do encontro e coordenador do Programa de Mestrado e Doutoramento em Filosofia da Religião da Universidade Católica. O congresso arrancou na sexta-feira, na Faculdade de Filosofia de Braga, com uma conferência aberta ao público com Jean-Yves Lacoste, professor convidado do Instituto Católico de Paris. Segundo João Vila-Chã, Lacoste explorou a relação do Dom e da Promessa. «A Promessa que nos abre ao futuro e à esperança, que nos dá garantia de que vale a pena esperar», frisou, acrescentando que a Promessa é também a estrutura «na qual se insere a experiência que o ser humano faz de se descobrir como Dom e também como capacidade para fazer Dom aos outros». As conferências de sábado analisaram a temática do Dom numa perspectiva aberta por alguns autores importantes no pensamento cristão, em particular no pensamento católico. Os painéis versaram a temática do Dom na «perspectiva da relação entre o sujeito humano e o Divino». Simone Weil foi uma das autoras abordadas. Uma filósofa francesa que se confessava ateia mas que acabou por iniciar um processo de transformação interior. João Vila-Chã contou que o processo de conversão de Simone Weil teve três momentos determinantes, um deles passado na Póvoa de Varzim. «Simone Weil abandonou os estudos para viver a experiência operária, para experienciar a pobreza e a exploração. Numa visita à Póvoa, em Setembro de 1936, assistiu à procissão de Nossa Senhora das Dores. Esse momento tocou-a de forma particular», contou. Mas neste congresso, que incluiu uma componente de admissão de novos elementos, os participantes reflectiram ainda sobre os desafios e as implicações do Processo de Bolonha no ensino da filosofia nas instituições católicas. Segundo o padre João Vila-Chã, neste painel foi abordada a reformulação dos currículos em filosofia e teologia à luz de Bolonha, para que os cursos das Faculdades de Filosofia e Teologia possam ser homologados a nível europeu.
