O Governo Civil de Faro promoveu, dia 15 de Novembro, a apresentação do livro “Algarve – 100 Anos de República, 100 Personalidades (1910-2010)”, uma publicação da autoria conjunta do professor António Rosa Mendes e do jornalista Manuel Neto Gomes, que homenageia também os bispos algarvios D. António Carrilho e D. Marcelino Franco, este fundador da FOLHA DO DOMINGO, para além dos padres Carlos César Chantre e Júlio Tropa Mendes, há muitos anos a trabalhar no Algarve.
A edição, que assinala as comemorações do Centenário da República, foi apresentada no salão nobre do Governo Civil, em Faro, antecedida pela interpretação do Concerto da República pelo Coral Ossónoba.
Durante a cerimónia, que contou com a presença de alguns dos homenageados, bem como de familiares e amigos de algumas das 100 personalidades seleccionadas pelos autores da obra, a governadora civil destacou a “obrigação de deixar este testemunho” na comemoração do Centenário da República. Isilda Gomes lembrou que “uma terra sem história e sem memória é uma terra sem futuro” e que “as pessoas e os cidadãos são aquilo que temos de melhor”.
Referindo-se aos homenageados, a governadora considerou que “são mulheres e homens que lutaram e lutam por um Portugal melhor”. “E isto só nos pode dar ânimo para fazer mais e melhor”, acrescentou, realçando a representatividade de todas as classes e profissões na publicação.
Isilda Gomes exortou ainda à responsabilidade de todos na “construção de um Algarve cada vez maior e melhor”. “Temos de saber honrar a memória. Honrar a memória é dar lugar à história e construir o futuro”, disse, garantindo que a obra que agora saiu à estampa era “obrigação” sua como representante do Governo na região.
Rosa Mendes explicou que a obra “está longe de ser prefeita”. “Outros poderiam ser elencados neste rol”, justificou, atestando que a publicação “ficará a constituir um padrão das nossas celebrações do Centenário da República”. “Se há algo que esta obra demonstra é que, no Algarve, não somos tão pobres como por vezes querem dar a entender. Merecemos um pouco mais de respeito do que por vezes nos querem conceder”, advertiu Rosa Mendes, acrescentando que os homenageados “são pessoas que exerceram activamente a sua cidadania, das quais nos podemos orgulhar porque empunharam esse lema que a República quis arvorar como a sua grande bandeira”.
Neto Gomes, que também reconheceu que “não é fácil escolher 100 personalidades”, apresentou individualmente os homenageados que incluem ainda os três Presidentes da República oriundos do Algarve, para além de nomes como António Aleixo, Emiliano Costa, Bernardo Passos, Caetano Feu, Carlos Brito, Carlos Porfírio, Cavém, Francisco Zambujal, Frederico Ramirez, João Lúcio, Pinheiro e Rosa, Samora Barros, Laura Ayres, Lídia Jorge, Maria Campina, Júlia Barroso ou Rocha Vieira.
D. António Carrilho, natural de Loulé e actual Bispo do Funchal, foi apresentado como “uma das principais figuras da nossa Igreja”, “um homem notável e de valores”.
Do padre César Chantre destacaram-se as suas qualidades como “pároco, professor e oficial do exército”. “Ao longo da sua vida, em todas as actividades, tem manifestado um grande espírito de missão, onde tem entrelaçado a vida pastoral com as funções sociais, militares e de professor que lhe conferem uma qualidade profissional e humana de grande relevo”, afirmou Neto Gomes.
Sobre o padre Júlio Tropa Mendes realçou-se a sua disponibilidade para servir. “O Bispo D. Florentino Andrade ofereceu-lhe uma das cidades algarvias para exercer a sua função de pároco, oferta que rejeitou mostrando que a Igreja é um serviço, uma vida de afectos e um trabalho social impressionante como tem realizado”, sublinhava o texto.
Também sobre D. Marcelino Franco, professor e bispo, valorizou-se o facto de ter servido a Igreja do Algarve durante 35 anos, “fazendo-o por missão, generosidade e afectos, sendo o primeiro bispo da história da Igreja Católica que nasceu no Algarve e foi sagrado na Sé de Faro”.
Samuel Mendonça