Do monte ao santuário altar do mundo

A Cova da Iria é um lugar que fica na Freguesia de Fátima, no concelho de Ourém. A dois quilómetros a oeste do centro da freguesia que há 100 anos caracterizava-se por ser um monte com árvores, terras de cultivo, entre outras atividades.

O terreno onde está agora o santuário mariana pertencia à família de Lúcia dos Santos e era onde a pequena vidente, com os seus primos – Francisco e Jacinta Marto – dedicavam-se, por exemplo, à pastorícia.

“Dia 13 de Maio (de) 1917 – Andando a brincar com a Jacinta e o Francisco, no cimo da encosta da Cova da Iria, a fazer uma paredita em volta duma moita, vimos, de repente, como que um relâmpago.
– É melhor irmos embora para casa, – disse a meus primos – que estão a fazer relâmpagos; pode vir trovoada.
– Pois sim.
E começamos a descer a encosta, tocando as ovelhas em direcção à estrada. Ao chegar, mais ou menos a meio da encosta, quase junto duma azinheira grande que aí havia, vimos outro relâmpago e, dados alguns passos mais adiante, vimos, sobre uma carrasqueira, uma Senhora, vestida toda de branco, mais brilhante que o Sol, espargindo luz, mais clara e intensa que um copo de cristal, cheio d’água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente. Parámos surpreendidos pela aparição” – Irmã Lúcia, em Memórias da Irmã Lúcia I Compilação do P.e Luís Kondor.

Foi na Cova da Iria que Nossa Senhora apareceu por cinco vezes aos três pastorinhos em 1917 e onde posteriormente foi construída a Capelinha das Aparições em 1919. “Uma das primeiras realidades urbanísticas no local que viria centralizar um rápido processo de urbanização”, destaca Ana Cláudia Pereira da Silva na sua dissertação de Mestrado Integrado em Arquitetura.

Na tese ‘À margem da identidade: contributos para a valorização da identidade de Aljustrel, Fátima. Espaço público e acessos’ assinala a realidade que é visível atualmente e foi-se desenvolvendo ao longo destes 100 anos: “A enorme afluência de peregrinos ao local tornou necessária a construção de inúmeros imóveis, como hotéis e edifícios de apoio ao peregrino.”

Com várias propostas de ordenamento urbano, o primeiro plano em 1929 é de Luís Cristino da Silva, um dos pioneiros do movimento moderno na arquitetura portuguesa, e Ernesto Korrodi, suíço que se naturalizou português.

Já existiam edifícios de âmbito religioso na zona santuário. A Basílica de Nossa Senhora do Rosário começou a ser construída um ano antes, até 1953.

“A par do comércio expande-se também a hotelaria a um ritmo bastante acelerado. Desde os anos 70 que se observa esta rápida expansão das unidades hoteleiras. Entre 1987 e 1997 regista-se um aumento de 80% em estabelecimentos hoteleiros e unidades semelhantes”, acrescenta Ana Cláudia Pereira da Silva.

 

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