Divisão entre os cristãos é «uma ferida escandalosa»

A divisão entre aqueles que acreditam em Cristo é uma «ferida escandalosa que faz pensar » afirmou o padre Manuel Moreira Costa Santos lançando o desafio apostar e valorizar as pequenas acções do dia-a-dia que fazem crescer a unidade e a paz entre os cristãos. A celebração ecuménica integrada no programa da III Festa dos Povos decorreu ontem de tarde na igreja dos Terceiros. Além do padre Costa Santos, que presidiu à celebração, marcaram presença o pastor Emanuel Dinis da Igreja Evangélica Metodista, o padre Anatoliy Zhyvchak da Igreja Greco-Católica Ucraniana e ainda Bundzyak Vasyl e Tkachuk Dmytro, ambos da Igreja Ortodoxa de Kiev (Ucrânia). Todos os representantes foram unânimes na afirmação de que a unidade dos cristãos é um «dom de Deus» que deve ser continuamente pedido. Daí o tema da celebração – “Orai sem cessar” – como sinal de que todas as acções e iniciativas que se realizem conjuntamente e sirvam para aproximar os seguidores de Cristo são pertinentes e oportunas. O padre Costa Santos realçou no comentário ao Evangelho de S. João – no qual Jesus reza precisamente pela unidade dos seus discípulos e seguidores – que a Festa dos Povos é uma oportunidade de «ouvir o silêncio de Deus que questiona» para que os homens do mundo inteiro dêem conta dos estrangeiros que estão longe das suas pátrias, os quais, como os cristãos, são «peregrinos rumo à casa paterna». Também o representante da Igreja Greco-Católica Ucraniana destacou o valor das iniciativas de oração conjunta com a finalidade de pedir pela unidade dos cristãos. E deixou aos presentes a imagem de um ramo de flores para falar do ecumenismo: «com flores, apesar de diferentes entre si, podemos fazer um bonito ramo». Do mesmo modo, afirmou o padre, «o diálogo ecuménico permite que com as nossas diferenças, mas com um tronco comum, podemos construir um ramo bonito para Deus». 100 anos de oração pela unidade A celebração, que recordou o centenário da Oração pela Unidade dos Cristãos, começou com um rito de acolhimento típico dos povos eslavos. O “Artos”, assim designado, consiste em comer um pouco de pão com sal. No cortejo inicial, depois das bandeiras portuguesa e ucraniana e além da Bíblia e do Círio Pascal, entraram os representantes das igrejas levando um vaso com ramos verdes. Leitura da Palavra de Deus, muitos cânticos (portugueses e ucranianos), momentos de silêncio e oração pessoal marcaram a primeira parte da celebração. Numa segunda parte fizeram-se orações de intercessão e gestos simbólicos de unidade. Depois da oração pelo perdão dos pecados, os presentes partilharam um gesto de paz, com a troca do ósculo, à qual se seguiu a colecta que reverteu, em sinal de partilha fraterna, para a obra social da Igreja Metodista. Numa terceira parte, fez-se a profissão de fé e o compromisso de vigilância na oração e na acção ecuménica seguindo-se a oração do Pai Nosso em português, em tetum e em ucraniano. Antes da bênção final fez-se ainda o compromisso ecuménico na qual os representantes das igrejas e os fiéis presentes prometeram «perseverar na oração constante pela unidade dos cristãos e realizar gestos concretos de reconciliação». A celebração terminou com os agradecimentos do Monsenhor Joaquim Morais da Costa, coordenador do Departamento da Pastoral da Mobilidade Humana que juntamente com o Centro Local de Apoio à Integração de Imigrantes da Delegação de Braga da Cruz Vermelha Portuguesa, a CIVITAS Braga, a Associação de Estudantes da Guiné-Bissau, a Casa de Angola, a Cáritas de Braga e a GIEEC organizaram a III Festa dos Povos, em Braga.

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