Diversidade de Culturas: um desafio que a todos diz respeito

Os desafios da diversidade de culturas juntou, ontem à noite em Leiria, pessoas interessadas em reflectir nas questões da paz, apesar de não ser um quadro próximo da realidade sócio cultural dos Leirienses. Mas, como explica à Agência ECCLESIA o Presidente da Comissão Diocesana Justiça e Paz, Tomaz Oliveira Dias, “não deixam de ser problemas nossos, uma vez que enquanto cristãos e cidadãos do mundo devemos ter presente os problemas de toda a humanidade”. A responsabilidade deste encontro inter confessional e cultural foi da Comissão Justiça e Paz de Leiria que procura estar “atenta aos problemas que gravitam em torno destes dois valores”. O choque cultural que o mundo assiste não ganha especial terreno em Leiria, mas “não podemos virar costas a um problema que está numa fase inquietante, e por isso é preciso debater todas estas questões que, no fundo, a todos envolve”. No encontro, a que presidiu D. António Marto, Bispo de Leiria – Fátima, estiveram presentes Adriano Moreira, católico, Narana Coissoró, hindu e Samuel Pinto, da comunidade evangélica de Leiria, num quadro inter confessional. Tomaz Oliveira Dias manifesta que “a diversidade cultural estará relacionada com o problema da paz” porque é também uma “diversidade religiosa”. “Sabemos, pela História que houve muitos conflitos armados devido a problemas de ordem religiosa”, afirma apelidando de “extremo escândalo haver conflitos de ordem religiosa”. Os fenómenos de violência, que ocorrem no mundo, “são da responsabilidade de pequenos grupos e as grandes religiões, inclusivamente a religião muçulmana e os seus seguidores não desejam conflitos armados”. Nesse sentido, é importante que “os países cristãos e os muçulmanos procurem pontos convergentes e não de afastamento”, pois a construção da paz pode ser feita através de pequenas iniciativas. Este encontro de Leiria, “não teve grande eco pois não ultrapassou as fronteiras da diocese, mas se fosse possível multiplicar este espírito por todo o mundo, evitar-se-ía um conflito de civilizações, pela via do diálogo, construindo uma comunidade de paz”, indica o Presidente da CDJP de Leiria. Esta é uma preocupação dos cidadãos que se interessam, mas “também factor de reflexão para os que se alheiam destas questões”. Adriano Moreira, convidado do debate, fez uma panorâmica sobre experiências da sua vida e procurou demonstrar que a “diversidade de culturas não impede a paz, mas deve antes haver um esforço em redor dos textos fundamentais das religiões que estão emanados de questões sobre a paz”, recordou Tomaz Oliveira Dias. O professor Emérito da Universidade Técnica de Lisboa, lembrou a existência, durante o tempo que esteve nas Nações Unidas, de uma capela que funcionava como uma casa de oração de diversas religiões. Adriano Moreira defendeu que, apenas existe uma solução para a paz que é o desarmamento global. Narana Coissoró fez uma análise sobre a diversidade cultural em Portugal. O Presidente do Instituto do Oriente, ele próprio um hindu com uma visão diferente, analisou a situação de outros indianos que vieram para Portugal quando se deu a descolonização porque estavam radicados sobretudo em Moçambique. Narana Coissoró abordou a situação dos muçulmanos e também da comunidade africana em Portugal, e afirmou que “de momento não há problemas com estas comunidades embora elas não estejam integradas na vida portuguesa. As comunidades estrangeiras aprofundam os laços e as tradições e tendem a criar-se guetos dentro da sociedade”, relembrou Tomaz Oliveira Dias. Com o evoluir dos tempos e com algumas preocupações, em especial dobre os jovens da comunidade africana, “se não houver a integração com o respeito pela diversidade das comunidades, pode vir a ocasionar problemas no futuro”, alertou ontem Narana Coissoró A Comissão Diocesana Justiça e Paz faz planos de prosseguir estes diálogos, sobre temas variados. Anteriormente foi já abordado o problema dos imigrantes e da exclusão social, “assuntos sempre orientados pelos ideais da justiça, da justiça social, da paz, do cristianismo e dos princípios da Doutrina Social da Igreja”, mas de uma forma “aberta e transparente”.

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