Discurso de João Paulo II marca arranque de 2004

Nova ordem internacional e construção da paz no centro das preocupações do Papa As palavras de João Paulo II no Dia Mundial da Paz marcaram o arranque de 2004, com o Papa a pedir uma nova ordem internacional, baseada na experiência da ONU, que encontre soluções adequadas aos problemas actuais. Os problemas internacionais de 2003, mormente o terrorismo e a invasão do Iraque pela coligação anglo-americana dominaram a homilia de Ano Novo. “Mais que nunca precisamos de uma nova ordem internacional que derive da experiência e dos resultados da ONU” – disse João Paulo II, de 83 anos, na Missa na Basílica de São Pedro. “Uma ordem que seja capaz de encontrar soluções adequadas para os problemas de hoje, baseada na dignidade dos seres humanos, na integração de toda a sociedade, na solidariedade entre países ricos e pobres, na divisão dos recursos e nos extraordinários resultados do progresso científico e tecnológico”, acrescentou. O que se destaca deste pedido é a centralidade de questões económicas e de justiça social, com o Papa a exigir que a globalização tenha como resultado prático a diminuição das diferenças entre ricos e pobres, em vez da sua agudização. João Paulo II manifesta a sua esperança de que 2004 seja um ano de pontes “entre países ricos e pobres”, que criem as condições para uma paz que não seja ausência de conflitos, mas duradoura, evitando condições propícias ao surgimento do terrorismo, da guerra ou da migração forçada. “Diante das situações de injustiça e de violência que oprimem várias zonas do planeta, diante da permanência de conflitos armados com frequência esquecidos pela opinião pública, faz-se cada vez mais necessário construir juntos caminhos para a paz”, lembrou João Paulo II. Nesse sentido chegou também o apelo a uma era do perdão, onde a condenação pura e simples seja substituída pela compreensão, e onde nunca se perca a confiança no papel central da legalidade internacional.

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