Director-geral da FAO levou drama da fome ao Sínodo dos Bispos

Jacques Diouf fala em mais de mil milhões de pessoas em risco

O director da FAO, (Organização para a Alimentação e a Agricultura da ONU), Jacques Diouf, falou esta Segunda-feira aos participantes na II assembleia para a África do Sínodo dos Bispos, a quem falou do drama da fome que atinge já mais de mil milhões de pessoas.

Para este responsável “a segurança alimentar é indispensável para a redução da pobreza, a educação das crianças e a saúde da população, mas também para o crescimento económico duradouro”, referindo que esta questão “condiciona a estabilidade e a segurança do mundo”.

Jacques Diouf revelou que a insegurança aumentou em todas as partes do mundo ao longo dos últimos três anos, em consequência da crise mundial de 2007-2008, “provocada pelo repentino aumento dos preços dos géneros alimentares e agravada pela crise financeira e económica que atinge o mundo há mais de um ano”.

“Pela primeira vez na história da humanidade, o número de pessoas que sofrem de fome alcançou os mil milhões, ou seja, 15% da população mundial”, lamentou.

Por tudo isto, acrescentou Diouf, “o estado da insegurança alimentar é muito preocupante na África”.

O continente conta actualmente 271 milhões de pessoas subalimentadas, isto é, 24% da população, o que representa um aumento de 12% em relação ao ano anterior.

“Digo e repito que é impossível vencer a fome e a pobreza na África sem aumentar a produtividade agrícola, pois a extensão das superfícies começa a encontrar os seus limites, por causa do impacto da desflorestação e das agressões a ecossistemas frágeis”, alertou o director da FAO, que lembrou ainda a questão dos recursos hídricos.

Diouf, senegalês e muçulmano, falou dos valores a cultivar pelos africanos, aludindo a “uma terra cheia de futuro”, que nos próximos quarenta anos experimentará um forte crescimento demográfico – Em 2050, contará com dois mil milhões de habitantes, o dobro dos actuais.

“De todas as feridas que o continente africano vive, a fome permanece como o mais dramático e intolerável. Qualquer compromisso pela justiça e pela paz na África é inseparável da exigência de progresso na realização do direito à alimentação para todos”, apontou.

O director da FAO sublinhou a convergência de posições com a Igreja Católica “sobre este problema fundamental”, com especial relevo para a acção desenvolvida “ao lado dos pobres”.

“Os missionários, as religiosas e muitas comunidades desenvolvem frequentemente um trabalho difícil, às vezes ingrato, mas sempre útil, ao lado de organizações inter-governativas, de ONG’s e da sociedade civil. Desejo saudar estes homens e estas mulheres que eu vi agir em muitos países com discrição e eficiência”, declarou.

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