Diocese do Porto realizou Peregrinação dos Frágeis

Iniciativa convocou idosos, doentes e deficientes para uma missa celebrada no Palácio Rosa Mota

Convocar as pessoas que normalmente não aparecem nas actividades da Igreja porque estão retidos em casa ou nos hospitais foi o objectivo da “Peregrinação dos Frágeis”, realizada no Porto este Domingo.

A iniciativa decorreu no dia em que a Igreja assinala o Pentecostes, a descida dos sete dons de Deus sobre a Igreja que nascia em Jerusalém após a subida de Cristo ao céu.

“A grande acção do Espírito é fazer-nos reviver as cenas evangélicas na nossa própria vida e na nossa própria cidade”, sublinhou o bispo do Porto, D. Manuel Clemente, acrescentando que “se há cena habitual do Evangelho é aquela que Jesus Cristo protagoniza com os frágeis”.

Em declarações à ECCLESIA, o prelado referiu que a adesão da diocese foi “muito generalizada”, tendo-se gerado “uma onda de solidariedade” por parte das pessoas que se dispuseram a oferecer transporte e assistência aos mais necessitados.

D. Manuel Clemente destacou também o “entusiasmo” dos doentes, numa iniciativa que qualificou de “magnífica e transbordante”.

Para o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, as pessoas atingidas por limitações físicas “são úteis no plano espiritual porque, quando são crentes, sabem oferecer a fragilidade, como Jesus Cristo a ofereceu na cruz, para salvação de nós todos”.

Por outro lado, os doentes e idosos contribuem igualmente para tornar a comunidade mais disponível para servir: “Há muita gente de bom coração que só precisa de uma ocasião para revelar o que tem dentro de si em termos de solidariedade”, salientou D. Manuel Clemente.

O Pe. José Nuno, capelão do Hospital de São João, no Porto, realçou também o valor dos frágeis: “Esta iniciativa não é a dos coitadinhos que são velhinhos, doentes ou deficientes, mas valoriza o contributo específico das pessoas atingidas por essas situações, nas quais se revela a verdade de uma condição comum a todos”.

No entender do sacerdote, a vida dos doentes, deficientes e idosos é uma “profecia”: “Na exposição da sua fragilidade desmascaram as nossas ilusões de omnipotência e de fruição e bem-estar a que estamos completamente hipotecados”.

Um exemplo desta tendência está, segundo o responsável, na diferença de verbas e na atenção mediática dadas à iniciativa da diocese, por comparação com a exibição de automóveis de competição que ocorreu no mesmo dia, na Avenida dos Aliados.

“Vão-se investir muito mais meios nos motores do que na peregrinação das pessoas. O que é que nós valorizamos?”, questionou o director da Pastoral da Saúde da diocese do Porto.

O coordenador das capelanias hospitalares defende que, “nos tempos que correm, a evangelização se faz principalmente pela via da caridade” e que é preciso dizer aos mais frágeis que a Igreja precisa da sua contribuição para cumprir a missão que lhe foi confiada, dado que o seu testemunho de confiança em Deus é também “testemunho do Evangelho”.

Na missa celebrada no Pavilhão Rosa Mota, o bispo do Porto inseriu na base da coroa da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, em peregrinação pela Diocese do Porto, um diadema com sete línguas, numa alusão à narrativa do livro bíblico dos Actos dos Apóstolos que descreve a efusão dos dons do Espírito Santo.

A peça de filigrana foi feita com ouro oferecido “ao longo das décadas” pelos doentes que, “em situações muito angustiantes, o foram prometendo e oferecendo à Senhora de Fátima Caminhante”, explicou o Pe. José Nuno.

A imagem que saiu do Hospital de São João até ao local da eucaristia foi transportada num andor decorado com flores que, nas palavras do capelão, “contam histórias espantosas de sofrimento e de confiança”.

A “Peregrinação dos Frágeis” inseriu-se no âmbito da “Missão 2010”, conjunto de iniciativas promovidas pela diocese do Porto para anunciar a mensagem cristã.

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